tag:blogger.com,1999:blog-36688390323042808042023-11-15T16:02:18.144-03:00memórias não somem assim.Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.comBlogger205125tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-63984309380276072082016-02-13T21:42:00.000-02:002016-02-13T21:42:24.177-02:00Bom parEu torci pra que a chuva caísse quando cê disse que estava no táxi. Bati a porta e desci correndo pelo elevador como se minha vida dependesse daquilo. Respirei fundo, sentei na escada e fiquei olhando pra esquerda que era de onde você viria. Olhei o céu, uma duas três vezes e nada de chuva. Tudo bem. Lá veio e táxi e eu segurei o dinheiro firme nas minhas mãos suadas e parecia que era a primeira vez que eu iria abrir a porta do carro e te abraçar (mas já era a 32ª vez que nos visitávamos). É tão particular repetir essas lembranças, o silêncio bastaria, mas faz tanto tempo que eu quero te escrever de novo. Você desceu do táxi, parecia que estava descendo em câmera lenta e eu só te puxei e te puxei para um abraço sem fim. Desculpa, desculpa se cansou das minhas palavras soltas, desculpa se falo demais, desculpa. Eu me perdi aqui. Calma. O que eu estava pensando hoje, depois de você ter ido embora, olhando esse céu azul com rosa é sobre aquele momento que você me perguntou se podia me abraçar na frente do shopping. Eu te olhei como se fosse a primeira vez e disse que claro que sim, você me puxou então e começamos a dançar. Cê não sabe, mas meu olho lacrimejou enquanto uma música aleatória tocava no ambiente e provavelmente alguém olhava pra gente e pensava que éramos malucas. Ainda está marcada em mim a sensação de sentir que a qualquer momento alguém gritaria "Corta" porque não era possível ser real a gente ali na frente do shopping dando uns passinhos tímidos e eu respirando fundo pra não chorar. E eu te juro, te juro que não era de tristeza. E te juro que te olhar é sempre inédito.Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-29232202001496003142014-05-25T17:10:00.003-03:002014-05-25T17:10:53.092-03:00Pra ser - Esteban"Só quero que você entenda<br /> Mesmo se não for pra ser, será<br /> E se pensar no outro lado<br /> Eu te espero do lado de cá<br /> Eu não te peço muito<br /> Só espero todo dia poder te esperar<br /> Ensaio te pedir pra voltar<br /> Porque morro de medo que se vá<br />
Não me pergunte do passado<br /> Eu nem sei o caminho pra voltar<br /> E se ainda lembra onde pisou<br /> Me faça o favor de esquecer<br /> Eu não quero que mude<br /> Não quero que me peça pra mudar<br /> Eu quero que se cuide<br /> E guarde os minutos para me cuidar<br />
Estou contigo em todo lugar<br /> Estou contigo em todo lugar<br /> E tudo o que eu fiz, pra te provar que eu<br /> Não quero a liberdade, se estiver sozinho pra voar<br /> Prefiro morrer de saudade<br /> Sabendo que você pode ressuscitar<br />
Só que você entenda: Mesmo se não for pra ser, será"Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-86047263111256531292014-04-22T21:12:00.000-03:002014-04-22T21:12:21.458-03:00<div style="text-align: justify;">
Ainda sinto minha unha te arranhando devagar nas costas depois de te fazer massagem e eu sinto vontade de jogar todo meu peso sobre você e murmurar na sua orelha que nunca mais foi igual e que as farpas estão me incomodando. Eu queria sentar de costas para você na nossa cama e tirar a blusa e te mostrar minhas cicatrizes, minhas asas quebradas cheias de ferrões, sujeiras, farpas e um pouco de sangue. Eu queria que você puxasse cada impureza de mim uma a uma e assoprasse quando eu gemesse de dor, depois queria que você costurasse minhas asas no lugar e me abraçasse até parar de arder. Mas eu não sinto suas mãos deslizando por mim, sinto apenas essa dor de pequenas coisas me fincando, pequenas coisas que de tanto eu me remexer sozinha tentando retirá-las já fizeram buracos profundos na minha coluna. Minha escápula está dolorida e quando eu me olho no espelho, sinto vontade de chorar. E choro. Choro porque essas asas feridas já foram gigantes quando você voava comigo e agora sou um anjo caído. Inspirar corrói meus pulmões, expirar me faz cuspir sangue às vezes. Qualquer um me pergunta porque eu não arrumo outra pessoa para me ajudar a reconstruir estas asas e eu só digo que não, que nunca, que não dá. Porque essas asas foi você quem me deu, você me ensinou a voar e elas só ameaçam bater novamente quando você está por perto. Sem você, elas são asas tristonhas que não têm sede de vento. Com você, mesmo feridas, elas tentam e tentam alçar voo. Só tem falhado um pouco nossa comunicação, nossa compreensão de nós. Eu só preciso de ajuda com as malditas farpas.</div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-64732855269639708672013-05-23T00:55:00.002-03:002013-05-23T00:55:13.199-03:00O peso da ausência (Eu só sei escrever sobre você). <div style="text-align: justify;">
Meus passos vacilam quando eu tento me equilibrar, mas agora você não
está do meu lado para que eu balbucie: “eu não sei andar!” ou “minhas
pernas são tortas, olha!”, qualquer tropeçada valia a pena enquanto
subíamos os morros e morros que existem na sua cidade e agora eu quase
sento para chorar se eu tropeço sozinha pela minha casa, pela minha rua.<br /><br />Quando
eu passo na frente daquela padaria que tem aqui perto de casa, lembro
da padaria que nos roubou milhões de dólares porque nós não aguentávamos
passar um dia sem comer coisa gostosa. E agora eu fico brava porque na
padaria daqui não tem pão de cenoura e você me ensinou a amar pão de
cenoura. <br /><br />Qualquer criança que eu vejo na rua me lembra seu
vizinho que a gente apelidou de forma estranha e eu queria muito te
acompanhar todos os dias nas aulas que você dá para ele. Só para ver
você me chamando sem querer de <em>amor</em> na frente dele ou para
gente jogar uno e você roubar a meu favor porque já fazia mil anos que
nós estávamos jogando e não acabava nunca ou só para te olhar explicando
para ele multiplicação e divisão. <br /><br />Meus amigos combinam de sair
para beber e eu falo que nós devíamos ficar bêbados com champagne porque
ficar bêbado com champagne é legal e porque eu fiquei bêbada com
champagne na viagem que eu fiz. Aí eu começo a lembrar do meu tombo na
rede porque suas amigas iam sentar em cima de mim, lembro da minha foto
deitada no chão com aquelas garrafas e camisinha cheia de maionese
fingindo ser outra coisa, lembro da gente na rede e você fumando cigarro
de palha, mas seu olho ficando vermelho sem explicação. <br /><br />Eu sei
que se eu passar em frente àquele lugar onde as crianças brincam no
Shopping, eu vou querer te ligar e te pedir para vir brincar comigo logo
porque teve aquele dia que nós fomos com suas amigas e enquanto elas
queriam ficar na área dos adultos jogando sinuca, nós queríamos brincar
de dar soco para medir nossa força — e você ainda me chamou de “fraca” —
ou só brincar de fazer cesta no basquete e não conseguir passar da fase
um.<br /><br />Estou te escrevendo isso enquanto sua blusa está no meu colo
e eu olho de canto do olho para o seu chinelo que eu trouxe comigo sem
querer. Ao mesmo tempo que estou rindo por tê-lo enfiado na mala meio
sonâmbula, quero chorar por só poder sentir seu cheiro nessa camiseta
nesse momento e você não sabe o quanto eu queria poder afundar meu nariz
no seu pescoço agora mesmo. <br /><br />Eu já te disse milhões de vezes que
tudo me lembra você. Tanto por momentos que passamos aqui quanto por
momentos que passamos aí e que se refletem do lado de cá. Eu queria
muito saber elaborar algum texto extraordinário para que você entendesse
a dor que eu sinto por ter que me despedir. Às vezes, me bate um medo
de que nosso “até logo” possa ser definitivo, mas quando eu vejo o
quanto de você que existe em cada detalhe do meu dia, vejo que isso é
impossível. Impossível.</div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-49379226370713175742013-01-04T16:58:00.000-02:002013-05-23T00:53:43.880-03:00Oliver para Jordana.<div style="text-align: center;">
<i>"Querida Jordana,
</i>
<i><br /></i><i>Obrigado por me deixar explorar seu corpo. Poderia beber seu sangue.</i><br />
<div style="text-align: center;">
<i> Você é a única que eu permitiria ser reduzida de tamanho e nadar dentro
de mim numa máquina minúscula. Perdemos nossa virgindade, mas não foi
como perder algo. Você é boa demais para mim, você é boa demais para qualquer um.
</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>
</i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>Sinceramente,
</i></div>
<i>
</i>
<i>Oliver." </i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<i> </i><br />
(Filme: Submarine, 2011)</div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-28551161225825487762013-01-04T16:51:00.001-02:002013-01-04T16:51:30.380-02:00Longe.<span class="quote">Eu ainda estou na esquina da sua casa. Encostada no muro, segurando um guarda-chuva enquanto você entra para buscar sua mochila.<br />
Eu ainda estou deitada contigo, chorando absurdamente enquanto rolam os créditos do meu filme preferido.<br />
Eu ainda estou sentada naquele banco que disseram que havia um cara morto lá.<br />
Eu ainda estou atravessando a rua cantando Elis Regina, vendo você me reprimindo com o olhar e me chamando de estranha.<br />
Eu ainda estou te puxando para me beijar na chuva dentro do cemitério.<br />
Eu ainda estou falando que seu gosto é o melhor do mundo.<br />
Eu ainda estou dizendo que há um cabelo entre nós.<br />
Eu ainda estou mandando minha testa contra a sua com toda a força depois de me assustar com um trovão.<br />
Eu ainda estou fazendo palavras cruzadas deitada naquela cama.<br />
Eu ainda estou naquela cama.<br />
Com toda a bagunça, as roupas jogadas, o lençol desajeitado.<br />
Eu ainda estou sendo desastrada contigo, te derrubando na rua.<br />
Eu ainda estou tropeçando com meu chinelo por todo o canto.<br />
Eu ainda estou falando sem pausas.<br />
Eu ainda estou mordendo um copo de plástico, fazendo e te dando um chapéuzinho da felicidade.<br />
Eu ainda estou beijando seu olho quando você chora.<br />
Eu ainda estou rindo absurdamente enquanto eu reflito sobre a formiga na nossa frente.<br />
Eu ainda estou naquele cinema.<br />
Eu ainda estou naquela sacada.<br />
Eu ainda estou pegando na sua mão.<br />
Eu ainda estou.<br />
Eu ainda estou aí.<br />
Eu ainda não vim embora.<br />
E não quero vir.</span>Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-32063250776015942012-12-18T11:30:00.002-02:002012-12-18T11:33:55.278-02:00Felicidade.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/AzE9Po-bAYo?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;">(Ei! Obrigada a quem tem comentado aqui... Desculpem a falta de textos. Mas leio tudo que cês dizem com muito carinho. Obrigada mesmo. Beijos grandes e aproveitem essa música deliciosa!)</span></div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-20576204749193629492012-12-01T18:21:00.000-02:002012-12-01T18:21:08.503-02:00"Eu sei que a gente se acostuma.Mas não devia..." <br /><br /><i>Marina Colasanti</i>Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-42673648801035234782012-11-21T23:36:00.002-02:002012-11-21T23:36:53.765-02:00Fica que não é errado.os trilhos se quebraram,<br />o vagão perdeu o rumo,<br />os sinos nem tocaram,<br />mas já avisaram pra todo mundo<br />o tic-tac do relógio<br />e o suspiro descompassado<br />foram mil dias de angústia<br />mil dias no passado<br />agora a vida se confunde<br />com o certo e o errado<br />só não queria ouvir o som da morte<br />é muito cedo<br />é muito errado<br />é cedo porque não nasceu ainda<br />estamos vivos no passado<br />o futuro é desconcertante<br />"me desculpa pelo errado"<br />o presente nos prende ainda<br />tá tudo certo, não tá errado.<br />fica, fica, fica<br />fica no presente<br />não no passado<br />sem ter medo do que vem<br />sem olhar pra outro alguém<br />assim, só assim.<br />esquece os sinos<br />esquece a morte.<br />ainda estamos vivos<br />estamos lado a lado.Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-27127822980972654012012-11-06T03:11:00.000-02:002012-11-06T03:11:57.469-02:00Sobre a sua imortalidade.<div style="text-align: justify;">
Hoje você achou que eu não tinha mais motivos para escrever sobre você. Falou com medo da minha resposta que talvez eu estivesse sem inspiração. <br />
Baby, baby. Você não sabe que tolices foram essas que passaram pela sua cabeça. Enquanto eu existir, vou escrever sobre você. Essa é a verdade, nua e crua. </div>
<div style="text-align: justify;">
Porque eu tenho essa necessidade de te imortalizar. Já pensou que loucura? Você será imortal. Você tem que ser imortal, é o mínimo que eu posso te oferecer por tudo que você me faz sentir. Quando pessoas desconhecidas acharem meus papéis e meus escritos, não saberão quem é você, mas vão pensar que existiu alguém que foi o alvo de tanto amor. Vão questionar se você é tudo isso que eu sei que você é. Não acreditarão que eu nunca tenha cogitado a probabilidade de deixar de te amar. E dessa forma você será imortal. E dessa forma nosso amor será imortal.<br />
Por isso que eu nunca deixo de escrever sobre você.<br />
A inspiração falha às vezes, sim. Eu entro em pane, mas não é nada que dure muito tempo. Não se preocupe. <br />
Eu sei que minhas palavras não são de extrema importância para o mundo. Mas elas são quase tudo que eu posso te oferecer. E eu não me canso de escrever sobre você. <br />
Sobre sua mania viciante de me fazer rir. Que nem aquele dia que você falou mil espécies de pássaros diferentes que você queria que eu desenhasse.<br />
Sobre sua paciência. <br />
Sobre sua voz que está sempre comigo. Enquanto escrevo, é incrível a sua capacidade de me sussurrar coisas mentalmente e é incrível o efeito que isso causa em mim.<br />
Eu não me canso, eu nunca vou me cansar de escrever sobre você.<br />
E aposto que você nunca vai se cansar de me fazer escrever sobre você.<br />
Você bate e eu te deixo entrar. Eu escrevo e você quer ficar. <br />
Você sempre fica.<br />
E alegre-se, amor... Você já é imortal. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-35012863819420795062012-10-31T19:10:00.003-02:002012-10-31T19:25:01.773-02:00Desculpa pela bagunça, mas fica.<div style="text-align: justify;">
Sinto minha inspiração escorrendo pelo ralo. <br />
Como se a enxurrada da rua estivesse limpando minha mente, arrancando minhas lágrimas e lambendo meu rosto, levando consigo as palavras que eu nunca usei.<br />
Sempre coube a mim falar incessantemente. Eu sempre suportei nosso silêncio, sempre engoli o vácuo que nos rodeava para ter ao menos nosso silêncio. Mas quando era hora de falar, sempre coube a mim. <br />
Já joguei milhares de palavras contra você, como se fossem tijolos pesados. Você sempre se assustou, mas sempre se deixou atingir. Em cheio. No meio da cara. Você sentia uma dor horrível quando minhas palavras te atingiam, mas mesmo assim, sempre disse que eu não devia pedir desculpas por nada. A culpa nunca foi minha, baby?<br />
Presta atenção. É claro que a culpa é minha.<br />
Sou eu que ouço as músicas e relaciono conosco. Sou eu que ouço Beatles, Renato Russo, Cazuza e Caetano, te procurando em cada verso. Sou eu que fecho os olhos e deixo as palavras se apossarem de mim. Nunca impedi que nenhuma merda não fosse vomitada porque eu sempre me sentia sufocada com tudo engasgado em mim. Mas e você? Quantas vezes você não sentiu tudo engasgado e acabou passando mal escondido de mim? Quantas, me diz? E você nem ao menos me chamou para segurar seus cabelos antes que eles grudassem no seu rosto, misturando lágrimas, suor e desespero. Ao contrário de mim. Eu sempre apertei sua mão com tanta força, sempre expus minha dor sem remédio e você ainda diz que a culpa não é minha?<br />
A culpa é mais do que minha. A culpa se apossou de mim a partir do momento que eu chorei desesperada no seu ouvido pela primeira vez. Eu nunca deveria ter me descascado dessa forma para você, nunca deveria ter subido nos seus ombros porque eu achava que você tinha ombros fortes. Agora seus ombros são fracos. Eu te causei uma dor infernal e agora você se curva dessa forma enquanto anda. <br />
Eu nunca fiz nada por mal. Nunca quis que você me salvasse porque eu sei que não há salvação para quem escreve. Mas você me salvou. Olha que merda. Você me salvou. Você limpou minha alma com suas piadas horríveis que nem aquela do homem de três cabeça que eu comecei a contar para todos. Você limpou minha alma e eu te sujei. Com cada esforço para te fazer feliz, eu te sujava mais. E você nunca me culpou. <br />
De certa forma, você se culpa. E eu sinto vontade de chorar quando você diz que não há esperança para você. Acabo chorando mesmo. <br />
Porque há esperança sim. Você já é a esperança em forma de pessoa que surgiu no meu caminho. <br />
Eu sempre quis te salvar dos monstros que eu mesma jogava no seu quarto no meio da noite. Sempre quis te salvar de mim. Sempre quis te salvar de você. <br />
Eu tento todos os dias. Eu me esforço com todas as minhas forças, tenho me esforçado para limpar a bagunça que eu causei. Vou começar pelas janelas que são seus olhos. Ainda quero te fazer enxergar que podemos ir longe. Depois limparei suas mãos que eu manchei de sangue enquanto fincava minhas unhas desesperadas em você. Limparei o nosso céu, nossa rua, nosso mundo e o que mais for preciso. Só para você não curvar mais os ombros enquanto anda, só para apaziguar sua dor. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-44043688163502170572012-10-28T20:58:00.000-02:002012-10-28T21:13:57.595-02:00Fênix.<div style="text-align: justify;">
Nossos ombros são tão frágeis. Não suportamos o mundo em nossas costas. Eu não suporto carregar baldes com suas lágrimas em cima da minha cabeça, você não suporta as marteladas de realidade que minhas lamúrias fazem você sentir diretamente na sua cabeça. Não suportamos. Somos frágeis, como qualquer folha de papel voando sem rumo. Mas somos fortes. Como qualquer incêndio que se iniciou porque um fósforo caiu na mata. Foi tudo ameno até deixar de ser. Foi tudo fácil até nossa fragilidade escancarar os dentes e tentar nos devorar. Mas ela não conseguiu. Só que ela não desiste de tentar. O nosso universo insiste em gritar que é aqui o nosso lugar, mas nossa fragilidade nos faz pensar que não podemos suportar sendo que podemos. Todas as vozes dizem que podemos, todas essas vozes internas que lutam contra meus demônios. Só temos que tirar o peso do mundo das costas e deixar que ele escorra pelo chão, se infiltre nas ruas e deixe nossos ombros em paz. Ninguém merece ter que se fazer mais forte do que realmente é, nós não merecemos. A nossa leveza ainda se esconde com a nossa força. Silenciosamente e discretamente, consigo ver que ainda há uma fênix em nós. Ou melhor: somos a fênix. Somos uma única fênix nesse emaranhado de ilusões e derrotas, nossa essência é a mesma e eu estou sentindo o cheiro forte das cinzas. Mas não se preocupe, amor. Somos dessa espécie rara que nunca morre de vez, somos dessa espécie rara que sempre renasce do pó.</div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-25391410872199358602012-10-21T02:27:00.001-02:002012-10-21T02:27:53.114-02:00"Por favor, por amor..."<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/om5nGtwmsyE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div id="div_letra">
<br />
<div style="text-align: center;">
Eu ainda vou viver<br />
Pra ver o que deu tentar prever<br />
Mesmo tempo e as duas cidades<br />
Peito aperta só de olhar para lá<br /><br />Paraná<br />
Pra falar a verdade há muito eu tô tentando te evitar<br />
mas a solidão instiga e a saudade rasga<br />
nessa vontade inata, renata, de alguma outra vida cármica<br /><br />Passada<br />
Eu vou passando a minha simples passear<br />
A esperar que caia em si, por si e saiba<br />
Qualquer dia desses aja como eu sonhara há quase uns dez anos atrás, já<br /><br />Se liberta<br />
Mostra ao mundo todo que você me ama<br />
Atende a suplica da química vem pra cama<br />
Se negue a deixar que o outro impeça o nosso riso<br />
Escuto o som da vida a tocar o nosso hino<br />
Quando a gente acordar junto o universo irá cantar<br />
Todos os medos desses dias tristes virarão dança<br />
Se emancipa e deixa felicidade reinar plena<br />
Arranca de uma vez do meu peito essa tormenta<br /><br />Por favor<br />
Por amor<br />
Quando você me notar<br />
Acredite ainda estarei<br /><br />O que me enlouquece é o por quê.<br />
Por que você? Por que eu merecer tanto esse sofrer?<br />
No dia em que você se casar<br />
Me desculpe mas eu não vou poder estar lá<br />
Pra ver quão linda você ficará de noiva<br />
Pra assistir o sim da minha própria perpétua sentença<br />
Mas eu até rezo pra que valha a pena<br />
Sejas feliz, eu hei de suportar ou morrer de amor<br /><br />Se liberta<br />
Ainda dá tempo mostra ao mundo todo que você me ama<br />
Atende a suplica da química vem pra cama<br />
Se negue a deixar que o outro impeça o nosso riso<br />
Escuta as tuas avenidas a entoar os sinos<br />
Quando a gente acordar junto o universo irá cantar<br />
Todos os medos desses dias tristes virarão dança<br />
Se emancipa e deixe a felicidade reinar plena<br />
Arranca de uma vez do meu peito essa tormenta<br /><br />Por favor, por amor<br />
Tenta<br />
abafar o medo que te impede de gritar<br />
Abre de uma vez a tampa presa da garganta<br />
E solta em toda fúria vá dizendo que me ama<br />
Quando a gente acordar junto o universo irá cantar<br />
Todos os medos desses dias tristes virarão dança<br />
Se emancipa e deixe a felicidade reinar plena<br />
Arranca de uma vez do meu peito essa tormenta<br /></div>
</div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-24594442320096983812012-09-24T17:55:00.000-03:002012-09-24T20:18:22.582-03:00Quer fugir comigo?<div style="text-align: justify;">
Um dia, eu bati na sua porta. Não foi assim tão simples, nem ao menos aconteceu. Mas me deixa terminar. Eu bati. Você se lembra do futuro? Porque eu me lembro bem. Eu cheguei com aquele monte de malas e joguei na sua calçada. Você não me esperava, mas minhas pernas me levaram até você. Eu já estava sem forças, sem fé, sem rumo, sem dinheiro, mas me enfiei em um ônibus e fui atrás de alguma sanidade. A sanidade que sempre coube a você me entregar, não que eu quisesse te dar alguma obrigação ou fazer seus ombros pesarem, mas você sempre teve a capacidade simples de injetar calmaria, força, sonhos e sanidade em mim. Uma dose mínima e eu me mantinha firme por um dia inteiro, por semanas até, talvez. E eu fui atrás dessa dose, dessa única dose. <br />
<br />
Já não suportava o cheiro sufocante de cigarro pelos bares escuros, pelas avenidas sujas, pelas noite sem fim. Eu queria o cheiro de café, de cigarro e de sono vindo de você, misturados com aquele seu perfume. E fui até sua porta sem saber o que dizer. Com vontade de te beijar, afundar o nariz no seu pescoço e te sussurrar baixinho aquelas bobagens que você conhece bem. Fui até seu mundo querendo me infiltrar de vez na sua história. Querendo deixar de ser um borrão no seu livro e te ajudar a escrever cada mínima linha. Querendo te levar comigo e te entregar tudo que eu sempre jurei te entregar. Ainda não se lembrou desse nosso futuro? Eu me lembro tão bem, amor. Escuta o resto de olhos fechados que eu vou te ajudando a se lembrar.<br />
<br />
Eu cheguei, bati na sua porta e te olhei por demorados minutos, não sei bem quantos, acho que te olhei enquanto você permitiu que eu te olhasse, até me fazer te abraçar ou te beijar ou algo assim. Você me levou para qualquer lugar e eu fiquei horas nervosa, sem saber soltar palavras com sentido, sem parar de rir apertando sua mão e sem ter coragem de te largar por um segundo que fosse. Com vontade de te apertar até o fim dos tempos, de apagar todas suas mágoas passadas e de perguntar baixinho qualquer coisa sem sentido para ouvir sua risada perto do meu ouvido. Mas eu não fiquei só na vontade não. Depois de algum tempo, eu perguntei por impulso: quer fugir comigo? Você estava soltando uma risada quando eu disse isso e ficou com um semblante sério no mesmo instante. Eu comecei a suar, meu coração disparou e você levantou uma sobrancelha. Aí eu tomei coragem e continuei:<br />
<br />
— Quer fugir comigo? A gente pode pegar os meus trocados da poupança, eu tenho o cartão e tudo. Depois a gente se enfia dentro de um ônibus quente com nossas mochilas e vamos sem rumo. Nada de avião, por favor, avião só se você quiser cruzar o oceano que eu não cruzo de navio nem que me paguem. O que você acha? Se a gente pegar o ônibus mesmo, nas paradas a gente compra uns chicletes, uns óculos escuros, algumas baboseiras para forrar o estômago e alguns chaveiros para pendurarmos ou colecionarmos. Aí depois de dias de viagens, a gente se enfia num hotel no meio do nada e arruma um quarto qualquer para gente se esconder. A gente joga as roupas em qualquer canto, toma um banho, faz nossas besteiras e dorme por horas. E depois a gente se joga na estrada de novo e se perde nesse mundo sem fim cantando qualquer música que fale de liberdade. Quer fugir comigo?<br />
<br />
Parei. Você riu do meu nervosismo, você riu da minha cara de idiota, riu da minha fala atropelando as palavras e disse que queria, mas perguntou se eu estava falando sério. Mas depois você disse com todas as letras que sim. Que queria, que arrumaria suas coisas e que era para gente correr. Depois disso, só lembro do vento na cara, da cabeça no seu ombro e do sorriso na boca.<br />
<br />
Falei como se fosse passado, sabendo que é futuro. <br />
Não exatamente assim, mas quase isso. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-88801066965185111472012-09-14T19:17:00.000-03:002012-09-14T19:17:20.310-03:00"E se eu puder fazer por ti o que ninguém jamais fez por mim, eu faço"<div style="text-align: justify;">
Eu te compus uma música no escuro. E te entreguei quando o dia nasceu. Eu não sei compor, não sei rimar, mas tentei. Agora só falta arrumar um ritmo certo, um ritmo que não seja brega. E preciso depois aprender a não desafinar na hora de cantar. Ou canto desafinando mesmo. Depois eu escrevo um livro. Picho um muro na frente da sua casa. Escrevo em um outdoor na rua do seu trabalho. Bato na porta de um astrônomo e peço para ele colocar seu nome em uma estrela bem brilhante. Roubo mil rosas e te dou, imitando Cazuza, só para ouvir sua voz rouca me chamando de exagerada. E conto para o motorista do ônibus sobre você. Escondo meu celular para ninguém descobrir nossos segredos. Puxo sua mão pela madrugada. Beijo seu pescoço antes de dormir. Vou para o litoral, mergulho em alto mar e te dou uma estrela-do-mar de presente de recordação. Te ensino a montar cubo mágico. Te espero mais vinte minutos, te espero mais vinte anos. Escrevo cartas e escondo em lugares que você só achará daqui alguns anos. Cozinho sua receita preferida. Divido minha bebida com você. Divido meu travesseiro. Divido meus sonhos. Vejo o seu filme preferido quantas vezes você quiser. Faço você ver meu filme preferido quantas vezes eu quiser. Depois, depois, depois. Depois te conto uma história bonita. Leio o mesmo livro quantas vezes você quiser. Murmuro que te amo depois de uma briga. E sigo te amando.<br />
<br />
Te espero mais vinte minutos todos os dias, <br />
Te espero mais vinte anos em todas as vidas que cabem em mim. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-36793419809868313612012-09-12T18:32:00.000-03:002012-09-12T18:32:28.958-03:00Murmurava tanta coisa... <div style="text-align: justify;">
E me pedia em segredo, aquele monte de bobagens. Ninguém prestava atenção nos sons, nos ecos. Mas ele continuava me pedindo enquanto eu estivesse ali. E eu sempre estava. O coração palpitava, ficava exposto para quem quisesse ver e ele me pedia e repetia. Era tudo segredo. Segredo sacana, mas não era covarde. Não tinha covardia ali. Era a mais pura forma de segredo. Silêncios do tamanho do céu que nos aproximavam enquanto o mar de lençóis nos rodeavam e depois o silêncio sumia aos poucos e dava lugar a mais segredos. Segredos que só nós ouvimos. E todo aquele choque me acompanha desde então, choque que me arrepia cada fio de cabelo, até mesmo os meus raros pêlos do braço. O meu maior segredo e a minha melhor confissão. Ele se escondia entre sonos pesados e me chamava baixinho quando começava a amanhecer, a noite vinha chegando pesada, mas ele repetia: o sol ainda existe, baby, me conta teus segredos também. E compartilhávamos. Nos rásgavamos sem pudor diante um do outro e eu balbuciava quando alguma lágrima queria sair e ele ficava perplexo tentando entender o que estava havendo. Eu só dizia que nada, nada, nada. Mas sem mencionar que sentir tanto me preenchia e que quando o amor aumentava, eu precisava transbordar. Esse segredo ele nunca soube, esse segredo ele nunca ouviu pela minha boca, mas quando ouvia meu silêncio, já entendia bem. Eu transbordava e ainda transbordo amor. Transbordo sem medo do amanhã porque estamos muito além dessa definição de tempo. Ontem, hoje, agora, depois e amanhã... Tudo se embaralha e eu continuo compartilhando meus segredos com você, continuo sentindo tanto choque antes de dormir e continuo abafando qualquer som com algum CD barato que repete sempre as mesmas canções para os meus ouvidos que nunca se cansam de ouvir atentos enquanto eu me perco em nós dois. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-49811094507341757742012-08-28T19:32:00.000-03:002012-08-28T19:32:12.198-03:00Como que eu consigo ficar? <div style="text-align: justify;">
Você me perguntava de todas as formas como que era conseguir ficar num lugar só. Jogava indiretas e tentava arrancar respostas que eu não possuia. Eu só sabia ficar. Eu sempre soube. Ao contrário de você. Eu sempre fui a mais medrosa de todos os medrosos do mundo, mas meu medo nunca foi suciente para me impedir de entrar em quartos escuros e enfrentar todos os monstros que ali se escondiam. Utilizo metáforas para explicar: eu só fico, meu bem. Eu fico mesmo quando tudo indica que já é hora de partir, mas eu nunca respeitei o relógio e seus ponteiros malucos. Eu fico porque apesar de todos os "não" que a vida esfrega na minha cara, ainda existem milhares de "sim" que o vento sopra todo fim de tarde. Mas eu permaneço, sempre permaneci. <br /><br />Lembro quando você disse que eu era um pássaro e eu fiquei mais de uma semana tentando organizar essas palavras na minha cabeça. Pássaro, amor? Você é um pássaro. Eu sou no máximo um filhote com asas defeituosas. Sempre quero voar, conhecer o mundo, viajar sem rumo e retornar só no inverno para o meu ninho. Sempre quero, mas nunca posso. Porque eu não passo de um filhote, porque meu coração me pede para ficar ao lado de quem me protege. Mesmo que quem me proteja esteja sempre tão distante, procurando novos horizontes para voar, novas vidas para viver. Eu fico estática e não te culpo. Porque você não tem culpa de usar suas asas, da mesma forma que eu não tenho culpa de ter defeitos nas minhas e de ficar te esperando voltar. E você me pergunta de novo e de novo como que eu sei ficar. <br /><br />Eu sei que uma hora nós temos que aprender a voar sozinhos, da mesma forma que eu sei que apesar de todos os defeitos das minhas asas, uma hora eu vou saber abrí-las. Tenho a leve sensação de que já voei muito por esse mundo buscando o que eu achei exatamente em você. Penso que em certo momento, eu me amedrontei demais por voar tão sozinha que me encolhi feito um verdadeiro filhote esperando seus carinhos. Porque foi em você que eu encontrei minha proteção para esses dias tão compridos, foi em você que eu achei a proteção contra o frio e o vento que me arranhava inteira. Foi no seu ninho que eu achei meu lugar. Mas você continuou voando, eu fiquei e fiquei e você permanecia me perguntando como que eu conseguia ficar, meu Deus?<br /><br />Eu só queria que ao invés de você perguntar como, você me pedisse para te ensinar a ficar. Juro que eu ensinaria. De coração aberto. <br /><br />Ou talvez você poderia me ensinar a abrir as asas de novo.<br />Adoraria voar com você.<br /><br />Tanto faz. Só queria sua companhia. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-13654635896692947362012-08-23T17:59:00.000-03:002012-08-23T17:59:06.631-03:00Depois do campo de visão. <div style="text-align: justify;">
Te ver sentado na minha sacada não era meu plano principal. Mas ali está você. Tão lindo. Encostando o queixo no parapeito e olhando para o shopping lá no fundo do horizonte. Você está todo curvado e com as pernas inquietas com o pensamento fixado em alguma parte do mundo que não me convêm saber qual. Queria te invadir, mas você está tão lindo assim que nem tenho coragem de te encostar. Fico sentada nessa mesinha de mármore bem do seu lado só te olhando e fico bebericando meu chá enquanto você não tira o olho do fim do horizonte. O fim do horizonte que você sabe que não é o fim, o fim do horizonte que esconde o aeroporto e todas aquelas casas. Um avião vem chegando devagar e pousa bem atrás do fim do horizonte. E você sorri. Eu fico impotente com o seu simples sorriso para um avião e me pergunto porquê você tinha que ser tão lindo. Seu sorriso fica fixado na sua boca até o avião sumir do seu campo de visão. Você continua na mesma posição e eu continuo escrevendo te olhando. Pouco me importa a cidade lá fora, a vista da sacada é bonita, mas ver você se admirando com o mundo é muito mais incrível. Seu cabelo curto balançando de forma ritmada e você olhando para além do horizonte. <br />
<br />
"Já pensou que o ser humano é muito limitado?", você pergunta e eu te olho. Continuo escrevendo e você continua. "O mundo é muito mais do que nós vemos. Esses sentimentos, essas sensações, essa dor existencial que todos sentem, tudo é demasiado exagero. Somos muito limitados.", você suspira e eu te olho. Sorrio e recebo um sorriso de volta. Você sai da posição inicial e se senta na mesa, bem na minha frente. "Queria que as pessoas vissem o mundo como você.", você diz enquanto coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e eu sinto minhas bochechas arderem.<br />
<br />
"O que eu vejo demais?", pergunto curiosa.<br />
"Você vê além.", você diz apenas. Silêncio. "Eu tenho aprendido com você.", você completa.<br />
"Obrigada.", é tudo que consigo dizer.<br />
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Você se vira, volta a observar o horizonte, o shopping, fica esperando algum avião pousar, fica esperando algum barulho te tirar do transe, fica esperando alguém te acordar, fica esperando que eu te puxe e te diga alguma coisa que vá te acalmar, alguma coisa que te faça esquecer da nossa limitação, do nosso minúsculo tamanho, da nossa incompreensão. Mas eu não tenho coragem porque você está tão lindo olhando o mundo ao seu redor. <br />
<br />
E eu me sinto quase completa por saber que nós dois vemos além. Mesmo que isso ainda seja muito limitado e não seja o suficiente. A vida exige mais do que isso de nós. Mas você não exige mais do que temos conosco. Eu repito umas três vezes baixinho que você é lindo demais e tiro uma foto sua da forma que você está, puxo fundo o ar e te falo rapidamente: <br />
<br />
"A verdade é que foi você quem me ensinou.", você me olha por alguns demorados segundos. Você sorri e volta a olhar a cidade. Eu sei que você me entende. Eu sei que havia sido o suficiente para te acalmar, para me acalmar e para poder continuar te olhando até a hora que for preciso levantar daqui para acender a luz e te levar para dentro de casa. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-60743065869283446522012-08-17T18:48:00.000-03:002012-09-10T12:56:24.056-03:00A cabana que a gente nunca fez. <div style="text-align: justify;">
Eu tinha planos incontáveis para nós, você também. Todo aquele clichê de casinha com jardim e filhos sorridentes. Sem nem pensarmos nas impossibilidades. Enquanto eu dava crises pelas minhas dores inexplicáveis de cabeça, você me acalmava pacientemente falando qualquer coisa no escuro que fazia a dor passar devagar, antes que eu percebesse já não estava sentindo dor alguma. O meu melhor remédio sempre foi você, para qualquer dor. Enquanto o Sol explodia lá fora e o mundo me estressava mais do que eu pensava suportar, você dizia do dia de amanhã e eu complementava com minhas frases bobinhas. Sem pressa e com muita calma. Te suspirava vontades insanas e você queria muito realizar cada uma delas, queria mesmo, eu sei que sim. Insanidade sempre me acompanhou, mas aumentei a dose dessa sensação quando sua voz se aproximava. Um tremelique estranho se apossava de mim e eu fingia normalidade, fingia que o coração não disparava, fingia que o mundo não estava rodando só para poder parar o tempo e te ouvir. Seu bocejo alto demais, sua risada baixa demais, seu tom de voz quando você sorri, seu tom de voz quando você se aborrece. Tudo está marcado em mim, por baixo de toda essa casca que eu uso na frente de qualquer um. Ninguém sabe a razão que me faz olhar para o lado e abaixar os olhos de uma forma melancólica, ninguém sabe o que me faz sorrir do nada. <br />
<br />
Reviro meu baú de memórias para juntar uma a uma e me perder por horas e horas nessas noites que a insônia não me larga. Você sabe que eu tenho medo de passar a noite sozinha, mas para não te atrapalhar, passo a noite apenas com nossas lembranças. Tenho coragem de dormir de porta fechada, mas não tenho coragem de ficar de olhos abertos no escuro, por isso que eu fecho os olhos e respiro fundo tentando juntar nossos segredos em alguma sequência lógica. Acabo me confundindo com o que nós compartilhamos e o que foi apenas fruto da minha imaginação fértil. Embaralho todos os pensamentos e me pego sorrindo. A madrugada vai avançando e eu continuo pensando, continuo sonhando e pensando em uma forma de te dizer que meu amor é na medida certa para você. <br />
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Todas as noites penso nos milhares de encontros e desencontros que nos acompanham desde sempre, penso nos planos e nos bilhetes. Nos presentes e nos sussurros. Mas em uma noite em especial pensei na cabaninha de cobertas enroscadas pelas cadeiras. A cabaninha que a gente nunca fez. Nós nunca juntamos as cadeiras e nem penduramos os lençóis. Nunca retiramos os móveis do quarto e jogamos almofadas e travesseiros no chão para podermos deitar. Nunca mesmo. Só queria te dizer que eu tenho os lençóis, os cobertores, os travesseiros e as almofadas. Está tudo bem guardado te esperando, te juro. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-82013298906083101502012-08-10T23:51:00.001-03:002012-08-11T00:03:51.291-03:00Dormiu?<div style="text-align: justify;">
Tenho andando na ponta dos pés para não acordar meus medos, escrever não me acalma mais e a paz que eu preciso, encontra-se muito longe daqui. Longe em todos os sentidos, literais ou não. Às vezes, me sinto fora da realidade e ando pela casa de madrugada, bebo minha água, já sinto os olhos arderem e vou para sacada acender um cigarro sem que ninguém me pergunte nada, sem que ninguém me olhe enquanto eu deixo as cinzas caírem no mesmo ritmo que minhas lágrimas e sem que ninguém me questione porquê eu tenho fumado, porquê eu tenho chorado. O silêncio da cidade me invade e eu observo os prédios enquanto um cigarro segue o outro e eu já começo a sentir minha típica falta de ar depois de tanto chorar. Se você estivesse aqui, já teria me dado um beijo na testa e me levado de volta para a cama. Mas nem ouso pensar em você porque eu sei, eu sei que você continua. Sempre em frente. Você continua com seus amigos, com seus bares, suas ruas e suas cervejas. E eu só queria que você parasse, parasse e voltasse para pegar na minha mão. Nem que fosse uma vez, uma única e última vez. Eu te implorava o que não se deve implorar a ninguém e eu sei que um dia você vai me odiar por tudo que eu fiz a nós. A sua dor foge inteiramente de você e se aloja em mim nessas noites vagas demais. Todos seus sentidos dormentes e eu completamente desperta. Sinto falta de conversar sobre o nosso amor, dormir serena e acordar desesperada no dia seguinte por ter te largado acordado sozinho. Agora você consegue dormir sem nem ao menos dar sinal de vida. E eu só te espero. A insônia não me deixa. E eu fico esperando. Esperando que a porta se abra ou que meu telefone toque. Mas não. Ainda não. Quem sabe depois. </div>Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-67788675725538753792012-08-06T12:18:00.001-03:002012-09-10T12:59:56.868-03:00Vôo sem escalas partindo em cinco minutos. Última chamada.<div style="text-align: justify;">
Querido, hoje eu coloquei suas últimas peças de roupas restantes dentro de uma mala bem pequenininha, deixei com o porteiro e dei seu número a ele. Falei bem assim: "Liga e pede pra ele buscar", só. Chorei igual criança enquanto guardava sua camiseta dos "Bananas de Pijamas" e ainda estou com medo de remexer nos seus objetos jogados pelo banheiro porque tenho certeza que há milhares de fantasmas seus entre a sua escova de dente verde-musgo e aquele seu protetor bucal nojento e babado que você usava para fingir que lutava boxe pra depoir vir me fazendo cócegas e me pedir beijo. Como que eu tinha coragem de te beijar com aquele pedaço de gosma na sua boca?<br />
<br />
Por que você me largou, baby? Eu sei que pareço uma cantora de músicas desesperadas falando assim. Cantora eu nunca fui, você sabe bem. Mas ah, o desespero já fez morada dentro de mim e tem sido muito frequente todos os dias. Voltei a fumar. Menos pelo vício e mais porque você sempre odiou que eu fumasse. Só que enquanto você ainda estava comigo, isso nem era problema pra nós porque eu largava meus cigarros e abusava de um vício muito melhor que era o vício que eu tinha por você, pelo seu cheiro de natureza depois da chuva e outros detalhes do tipo. Agora que você já bateu a porta na minha cara e nem ao menos tocou a campainha para me pedir perdão, eu tenho certo prazer em segurar um cigarro entre os dedos só para me lembrar da sua voz arranhando dizendo: "Para, amor". <br />
<br />
Preciso confessar que já te liguei diversas vezes desde aquele dia. Já te liguei em todos os horários mais inusitados, mas apenas de números que você não conhece. Não quero te dar esse prazer de me ver correndo atrás de você. Liguei de orelhões na madrugada para ouvir sua voz de sono, liguei do celular de amigos no fim da tarde pra ouvir sua voz exausta depois do trabalho. E nunca tive coragem de dizer nada. Nunca tive coragem nem de ao menos fingir que eu era atendente de uma empresa de telemarketing. Ouvia sua respiração, seu "Alô" enjoado de sempre e esperava você desligar. Diversas vezes você ficou uns cinco minutos em silêncio e repetiu o mesmo "Alô" umas trezentas vezes antes de desligar — me pergunto se em algum momento você sabia que era eu e se você só queria me dar coragem para dizer algo. Coragem que eu nunca tive, coragem que eu nunca vou ter.</div>
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<br /></div>
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Eu sempre me pergunto se algum dia você vai se arrepender, fico horas deitada na cama olhando uma foto nossa que eu ainda não tive coragem de jogar fora e me pergunto se você vai se arrepender. Fico pensando que em algum momento você vai fingir que somos personagens principais de algum filme meia-boca e que você vai vir correndo pro meu apartamento para confessar que não sabe viver sem mim. Fico jurando pra mim mesma que o telefone vai tocar quando eu menos esperar e sempre finjo estar bem distraída, mas me traio dando uma olhadela cautelosa pro celular de cinco em cinco minutos. Eu me pergunto se você não tem remorso por ter me tratado daquela forma enquanto eu só te dava todo amor que havia em mim. Eu só queria que você tivesse um pouco de medo de me perder para quem me achasse andando por aí, que você tivesse medo de que quando eu saísse pelas ruas para beber sua ausência, alguém poderia me pegar no colo e me levar embora. E se eu resolvesse ir embora de vez, amor? Pro Alaska, pro Canadá ou pra Nova Zelândia, hein? Será que você acordaria a tempo de me impedir de ir? Diz que sim. </div>
Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-63257935723729173082012-08-01T19:04:00.000-03:002012-08-01T19:13:33.365-03:00Pedaços soltos de nós.<div style="text-align: justify;">
Junto pedaços seus por todos os cantos, mas quando te observo, você continua todo desconfigurado. Continua com um pedaço rachado e outro pedaço sem encaixe. Aí começa a me olhar com essa cara de quem já não quer mais ficar, só pra ver se eu não te quebro em milhares de pedaços e te deixo livre pra não ser nada. Mas que triste seria, amor. Que triste seria não ser nada. E como eu nunca te obedeci, sempre fui contra tudo que você dizia, eu te empilhava no canto da sala, tomava um café e te observava em silêncio até alguma ideia brilhante aparecer na minha mente. E eu passava noites e dias e madrugadas e estações inteiras tentando nos consertar, mas você nunca percebia, nunca entendia e sempre me olhava com a mesma cara de antes. Eu me encolhia no canto pensando o que eu estava fazendo de errado e você nunca falava. Eu dava tudo de mim e você nunca falava. Eu ficava naquele blábláblá sem pausas enquanto tentava te fazer lembrar dos nossos planos, dos nomes dos nossos futuros filhos, dos nossos cachorros e você ficava naquele silêncio do tamanho de um abismo que eu nunca entendia. Eu me quebrava toda pra ver se alguma pecinha de mim te ajudaria a se reconstruir, eu tentava me encaixar e sempre ficava com uma parte de mim solta. Eu só implorava bem baixo pra você me ajudar, pra você me cuidar, pra gente se cuidar juntos. Mas você não ouvia. E de alguma forma, eu tirava forças não sei de onde, pra me recompor sozinha e lutar por você mais uma vez. Só mais uma. Última vez, promessa. As últimas vezes nunca foram últimas. Não creio que algum dia vão ser. <br />
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Eu fico, juro que fico. Mas me pede pra ficar. </div>Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-47607783843372327742012-07-23T15:03:00.000-03:002012-07-23T15:03:29.444-03:00Das comparações.Até a Lua.<br />Até Netuno.<br />Até Andrômeda.<br />Pra lá de Andrômeda.<br /><br />Não é suficiente.Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-29319027274337454722012-07-17T18:03:00.000-03:002012-07-17T18:03:00.174-03:00Ela acabou com a minha vida e vai acabar com a sua também.<div style="text-align: justify;">
Espero que você saiba onde está se metendo. Essa garota é o inferno em forma de gente. Ela te olha com essa cara de anjo, se apresenta e nos primeiros dias faz todas as suas vontades, depois começa a planejar o futuro de vocês e.... Calma, calma que eu fico até enjoado falando disso. No duro, escuta o que eu tô falando. Depois de uns meses, ela vai acabar com a sua vida. Não, ela não é nenhuma criminosa e ela não vai acabar literalmente com a sua vida. Antes fosse, rapaz. Ela vai brigar com você por qualquer besteira, vai fazer você se sentir culpado por ter desligado o telefone e seu cérebro vai dar pane tentando entendê-la. Tô falando sério, não cai na armadilha dessa daí não. Por favor. Ela fica toda dengosa quando você liga, mas vai chegar um ponto que ela não vai nem te atender só de pirraça, tá entendendo? <br />(Silêncio)<br />Ela é terrível. <br />(Silêncio)<br />(Suspiro)<br />Desculpa, me exaltei, eu não devia nem ao menos estar conversando com o atual namorado da minha ex. Mas eis a verdade: eu me refiro a ela dessa forma para tentar aliviar minha dor por tê-la perdido. Ela não é infernal nem nada dessas baboseiras que eu disse, ela não acabou com a minha vida. Pelo contrário. Acho que ela é uma espécie não identificada ainda, um anjo, sei lá. Ela me ensinou o que é felicidade e tenho a leve impressão de que quem acabou com a vida dela fui eu. Mas aí, esses dias, eu estava em um bar com alguns amigos que nós temos em comum e eles me contaram que você tinha aparecido para salvá-la. Daí eu decidi vir aqui te assutar. Eu tô maluco, cara, falando sério. Eu nunca a mereci e o pior de tudo é que eu nem ousei tentar mudar para lutar por ela. Eu me acomodei e quando vi... Puff, ela tinha sumido. <br />(Silêncio)<br />Só vim aqui pra te mandar prestar atenção. Na boa. Presta atenção nessa pessoa que você tem ao seu lado, acho que você não sabe a sorte que tem. Tenho certeza que toda felicidade que você sente por ela ter surgido no seu caminho não é nem metade do que realmente significa esse evento extraordinário. Quer minha sinceridade? Pois então. Eu te acho um completo filho-da-puta por estar segurando as mãos que só eu segurei por tempos e tempos, mas talvez você saiba segurá-las melhor do que eu. Não é? Não seja um babaca que nem eu fui, não acaba com a vida dela novamente. Se ela está contigo, ela viu algo que talvez valha a pena em você. Não destrua isso como eu fiz.<br />(Silêncio)</div>Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3668839032304280804.post-12579380646389358462012-07-16T19:17:00.000-03:002012-07-16T19:17:39.877-03:00Três horas, dois minutos e um segundo.<div style="text-align: justify;">
Falamos de nós, <br />do quanto o ser humano é ruim, <br />do tempo — que passa cada vez mais rápido —<br />e de um piriquito elegante chamado Epamilondas. <br /><br />Eu sou boba.<br />E a culpa é sua por me deixar assim.</div>Paula Santanahttp://www.blogger.com/profile/07972954257530346491noreply@blogger.com1