sábado, 18 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Para o amor perdido
Carta de Fernanda Young
"Fiquei triste. Num momento você estava aqui, no outro já não estava. Igual a bicho de estimação que morre de repente e somem com o corpo. Para onde foi tudo aquilo? Que tínhamos tão seguro. Tão certos de sua eternidade. Para onde foi, hein? Meu peito, depósito subitamente esvaziado, aperta-se no meio de tanto espaço.
Tento identificar o instante, quando o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já não estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido com tanta facilidade.
Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Não falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou não mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam mais sensatas. Qual poder espero desta carta? Simples:que deixe registrado este meu estranho momento. Quando o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça não pára, vasculhando cantos vazios.
Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo? Aposto que você está pouco se lixando para isso tudo. Que seguiu sua vida tranqüilamente, como se nada de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Você, redundante como sempre.
Só há uma coisa certa a respeito disso:não desejo uma resposta sua. É, esta é uma daquelas cartas que não são para ser respondidas. Apenas lidas, relidas, depois picadas em pedacinhos. Sendo esse o destino mais nobre para as emoções abandonadas. Queria apenas pedir um favor antes que você rasgue este resto do que tivemos.
Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, você acabar pensando tolices parecidas como estas, escreva também uma carta. Mesmo sem jamais saber o que você irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que você fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas.
Então é isso - como sou insuportavelmente romântica, meu Deus. Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraca e irremediável. Porque ainda gostaria de poder acreditar que você nadaria de volta para mim."
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Desde quando você se foi.
Eu fico achando graça de mim mesma quando eu encontro um novo garoto em minha vida e eu fico observando cada detalhe em busca de um traço seu. Qualquer traço, qualquer semelhança.
Eu fico insistindo em querer achar a sua frieza-doce em outras pessoas, mesmo sabendo que essa característica é só sua. Eu nunca conheci mais ninguém que é frio e doce ao mesmo tempo, só você.
Eu fico insistindo em querer achar suas melhores qualidades. Procuro alguém que me faça sorrir como você me fez. Eu queria achar alguém que me dissesse Eu te amo de vez em quando, mas que quando não dissesse, eu saberia... Só pelo jeito de conversar comigo ou pelo jeito de me tratar. Eu queria achar alguém que ficasse conversando comigo uma madrugada toda, até o sol nascer. Eu queria achar alguém que refletisse sobre tudo comigo. Eu queria achar alguém que me fizesse acreditar em mim mesma tão exageradamente. Alguém que me desse força — mesmo de tão longe. Alguém que tivesse tudo o que você tem.
Mas esse alguém não existe.
Esse alguém é você. Só você.
Eu quero tanto acreditar.
Eu quero. Você quer? Você é? Você vem?
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