segunda-feira, 23 de julho de 2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Ela acabou com a minha vida e vai acabar com a sua também.

Espero que você saiba onde está se metendo. Essa garota é o inferno em forma de gente. Ela te olha com essa cara de anjo, se apresenta e nos primeiros dias faz todas as suas vontades, depois começa a planejar o futuro de vocês e.... Calma, calma que eu fico até enjoado falando disso. No duro, escuta o que eu tô falando. Depois de uns meses, ela vai acabar com a sua vida. Não, ela não é nenhuma criminosa e ela não vai acabar literalmente com a sua vida. Antes fosse, rapaz. Ela vai brigar com você por qualquer besteira, vai fazer você se sentir culpado por ter desligado o telefone e seu cérebro vai dar pane tentando entendê-la. Tô falando sério, não cai na armadilha dessa daí não. Por favor. Ela fica toda dengosa quando você liga, mas vai chegar um ponto que ela não vai nem te atender só de pirraça, tá entendendo?
(Silêncio)
Ela é terrível.
(Silêncio)
(Suspiro)
Desculpa, me exaltei, eu não devia nem ao menos estar conversando com o atual namorado da minha ex. Mas eis a verdade: eu me refiro a ela dessa forma para tentar aliviar minha dor por tê-la perdido. Ela não é infernal nem nada dessas baboseiras que eu disse, ela não acabou com a minha vida. Pelo contrário. Acho que ela é uma espécie não identificada ainda, um anjo, sei lá. Ela me ensinou o que é felicidade e tenho a leve impressão de que quem acabou com a vida dela fui eu. Mas aí, esses dias, eu estava em um bar com alguns amigos que nós temos em comum e eles me contaram que você tinha aparecido para salvá-la. Daí eu decidi vir aqui te assutar. Eu tô maluco, cara, falando sério. Eu nunca a mereci e o pior de tudo é que eu nem ousei tentar mudar para lutar por ela. Eu me acomodei e quando vi... Puff, ela tinha sumido.
(Silêncio)
Só vim aqui pra te mandar prestar atenção. Na boa. Presta atenção nessa pessoa que você tem ao seu lado, acho que você não sabe a sorte que tem. Tenho certeza que toda felicidade que você sente por ela ter surgido no seu caminho não é nem metade do que realmente significa esse evento extraordinário. Quer minha sinceridade? Pois então. Eu te acho um completo filho-da-puta por estar segurando as mãos que só eu segurei por tempos e tempos, mas talvez você saiba segurá-las melhor do que eu. Não é? Não seja um babaca que nem eu fui, não acaba com a vida dela novamente. Se ela está contigo, ela viu algo que talvez valha a pena em você. Não destrua isso como eu fiz.
(Silêncio)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Três horas, dois minutos e um segundo.

Falamos de nós,
do quanto o ser humano é ruim,
do tempo — que passa cada vez mais rápido —
e de um piriquito elegante chamado Epamilondas.

Eu sou boba.
E a culpa é sua por me deixar assim.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Não nos prendemos, mas ficamos. E continuamos.

Você jura que não vai a lugar nenhum, mas eu sempre acordo assustada no meio da noite esticando o braço pela cama para me certificar que você está por perto. Passo a mão levemente pelas suas costas e você se vira bruscamente para me dar um beijo sonolento. Eu jurava que te perderia se eu piscasse os olhos, por isso fiquei tempos acumulando lágrimas nos olhos só para observar até onde você ia sem mim, mas chegou um ponto que eu precisei piscar, precisei deixar as lágrimas caírem só para poder correr para o lado oposto por alguns segundos e provar que eu sei sim, seguir meu próprio rumo. Mas pra quê? De alguma forma, meu rumo sempre aponta pro caminho que você marcou com suas pegadas.

Você sempre esquece suas chaves, esquece sua carteira e um livro de cabeceira no meu criado-mudo porque você quer ter certeza que eu aparecerei na sua casa para te devolver. E eu sempre esqueço o meu casaco para ter a mesma certeza também. Sempre que eu desço suas escadas correndo, sinto seu olhar na minha nuca enquanto eu atravesso a rua. Fico me perguntando se seus olhos costumam marejar da mesma forma que os meus. Minhas pernas doem implorando para que eu não me desgrude de você, mas é exatamente isso que eu devo fazer para me certificar que serei sempre sua. Minha forma de ser eterna é te deixando livre.

Tenho medo que você cheire outros pescoços e conheça novos perfumes que sejam melhores que o meu, medo que você queime todos os papéis que eu rabisquei e deixei em cima da sua mesa da cozinha — manchados de lágrimas, cigarros e café. Mas ao mesmo tempo, me encho de coragem ao rever seu rosto. Ao observar minhas folhas empilhadas no canto da sua sala. Você me abraça quebrando em pedacinhos meu orgulho e eu só sei fechar os olhos e mergulhar fundo nesse oceano que é o seu abraço. Seu colo me chama quando eu estou distante, meu colo te chama quando você está distante. Você me diz que rola na cama me procurando quando eu durmo na minha casa e eu digo o mesmo. Mas você tem medo de me perder por me prender demais e eu tenho medo também.

Eu não vou a lugar nenhum. Ainda temos muito para eternizar.

domingo, 1 de julho de 2012

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios.

"Poucas vezes me senti tão confortável no mundo. E, no entanto, sofria, por antecipação, o grande vazio que seria o resto da minha existência sem ela.
O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse.

Talvez por saber que era o fim, e a gente nunca se comporta mesmo muito bem nos finais; ou talvez por impotência, desamparo, angústia; e também por covardia, não há vergonha alguma em admitir; talvez por tudo isso, e à falta de um nome adequado para a sensação de impotência que me esmagava, o fato é que desabei. (...) caí num choro convulsivo. Chorei de soluçar e de franzir o rosto e fazer caretas, sem nenhum pudor."

Marçal Aquino