sábado, 13 de fevereiro de 2016

Bom par

Eu torci pra que a chuva caísse quando cê disse que estava no táxi. Bati a porta e desci correndo pelo elevador como se minha vida dependesse daquilo. Respirei fundo, sentei na escada e fiquei olhando pra esquerda que era de onde você viria. Olhei o céu, uma duas três vezes e nada de chuva. Tudo bem. Lá veio e táxi e eu segurei o dinheiro firme nas minhas mãos suadas e parecia que era a primeira vez que eu iria abrir a porta do carro e te abraçar (mas já era a 32ª vez que nos visitávamos). É tão particular repetir essas lembranças, o silêncio bastaria, mas faz tanto tempo que eu quero te escrever de novo. Você desceu do táxi, parecia que estava descendo em câmera lenta e eu só te puxei e te puxei para um abraço sem fim. Desculpa, desculpa se cansou das minhas palavras soltas, desculpa se falo demais, desculpa. Eu me perdi aqui. Calma. O que eu estava pensando hoje, depois de você ter ido embora, olhando esse céu azul com rosa é sobre aquele momento que você me perguntou se podia me abraçar na frente do shopping. Eu te olhei como se fosse a primeira vez e disse que claro que sim, você me puxou então e começamos a dançar. Cê não sabe, mas meu olho lacrimejou enquanto uma música aleatória tocava no ambiente e provavelmente alguém olhava pra gente e pensava que éramos malucas. Ainda está marcada em mim a sensação de sentir que a qualquer momento alguém gritaria "Corta" porque não era possível ser real a gente ali na frente do shopping dando uns passinhos tímidos e eu respirando fundo pra não chorar. E eu te juro, te juro que não era de tristeza. E te juro que te olhar é sempre inédito.