segunda-feira, 25 de junho de 2012

(...)

Tudo tem você.

Meu cubo mágico, os gatinhos do meu pai, minhas meias, meu cachorro. A música do Arnaldo Antunes, a música dos Los Hermanos e até aquele sertanejo meia boca. Meu filme preferido, Titanic e até mesmo o do Scott Pilgrim. Minha cama, minha lingerie, minhas roupas. Minha pantufa, meu violão, meus cd's. Meu livro do Mochileiro das Galáxias, o do Caio Fernando Abreu, o do Morro dos Ventos Uivantes e mais ainda o do Pequeno Príncipe. Meus óculos escuros, meu celular, minha webcam. Meu microfone, meu caderno, meu pijama. Meu colégio e as tantas mesas de lá que eu rabisquei seu nome, mas apaguei logo em seguida. Meu blog, meus rabiscos e a minha parede que eu escrevi "18". Meu perfume, minhas fotos, minha preguiça. Meus sonhos, minha insônia e a escuridão do meu quarto. Meu medo, meu frio, meu sono. Meu cabelo, minha mão, meu abraço. O telhado da garagem do meu pai que eu escrevi seu nome. Meu cansaço.

Tudo, absolutamente tudo.
E com tanto "você" por aí, eu só queria me achar no meio dessa bagunça toda.

Arde.

Eu escrevo algumas palavras e apago no instante seguinte. Da mesma forma que eu rasguei todo aquele caderno que seria seu presente. Não há palavra que caiba no que eu quero dizer. Mas o que, afinal, eu quero dizer? Eu não quero dizer nada porque pra você já não devo dizer coisa alguma. E não consigo formular frases com algum nexo. Engulo o choro com cada música que começa a tocar e meus olhos estão ardendo pelo sol, pelas lágrimas, pelo sal, pela injustiça, por você e por todo resto. Não adianta eu querer bancar a culta que sabe fazer bom uso das palavras em momentos de tristeza, eu só estou tentando vomitar tudo que está engasgado para que eu consiga encostar a cabeça no travesseiro sem sentir esse peso terrível por cima de mim, sem sentir essa dor de cabeça, sem sentir essa ardência no olho.

(...)

Mas a verdade é que eu não sei o que dizer e não consigo escrever nada com essa vista embaçada.