Eu te juro que cansei de encostar numa caneta e já começar a escrever sobre você, já se tornou clichê demais ficar expondo e rasgando esses papéis. Antes de dormir, você acredita que eu não consigo dormir sem antes escrever alguma coisa pra você? Alguma coisa que eu rasgo logo pela manhã. Já parece até algum ritual necessário para que eu possa fazer minhas orações em paz e enfim, deitar a cabeça no travesseiro.
Eu tenho, sim, que escrever sobre essa saudade maldita que fica pisando no meu coração - ela é gigante e eu sou tão miúda -, essa saudade insuportável por ficar alguns dias sem falar com você. Mas não é só disso a minha saudade, a minha saudade também é a falta que me faz a época em que você também sentia essa necessidade absurda de falar comigo, nem que fosse só para vir me mandar um 'boa noite' ou me contar que sua mãe havia comprado pizza. Era algo tão natural e foram essas naturalidades que fizeram que eu me apaixonasse por você, essas pequenices tão idiotas aos olhos dos outros e que me fazem tanta falta. E o mais irônico é que as pequenices fizeram com que eu me apaixonasse por você, mas esse sumiço leve de tudo, não chega nem perto de ser um motivo sensato para que eu queira te tirar daqui do peito. E eu sei que posso estar errada por isso.
Era tão bom acordar com uma mensagem sua e te agradecer por ter me acordado porque eu tinha um compromisso super-importante, era ótimo ouvir você rindo do outro lado da linha e sentir meu peito aquecer quando você me pedia para me ligar e eu sempre pensava: oras, pra quê pedir, menino bobo? Bobo, você sempre foi bobo. Você escovava os dentes e me perguntava se estava bom, você bagunçava o cabelo para parecer aquele cientista que põe a língua pra fora, você tomava choques na raquete elétrica e eu quase rolava de rir. E aquele dia que você me mandou uma mensagem em que você só falava que tinha cheirado cloro e estava morrendo? Eu não sabia se acreditava e ficava desesperada ou se eu gargalhava - óbvio que eu gargalhei. Você me mandava mensagens pedindo para que eu fosse pro seu lado para ver as coisas que você me contava e se eu pudesse, eu teria ido para nunca mais voltar. Você falava que surpreenderia todo mundo um dia ao aparecer ali na porta do meu prédio gritando meu nome e desde esse dia, eu espero mesmo que você apareça. Mas você não veio. Você ainda vem?
Vê se entende que eu preciso de você. Eu sei que é patético, mas é amor. Você não tem noção dessa imensidão de tudo e talvez nunca terá porque eu tenho a intenção de falar, a necessidade de falar, mas nada sai e eu acredito que as outras pessoas nunca entendem verdadeiramente o que se passa dentro da gente. E você não entende mesmo, nem que eu te peça para entender e nem que eu tente te falar algo: você não vai entender. Mas mesmo sem entender, eu te peço - do fundo do meu coração - que você prove com suas atitudes bobalhonas aquilo que você me disse há uns dias atrás: "Nada vai mudar nunca" e todo o resto. Por favor, faz meu coração parar de doer, eu sei que você consegue. Eu estou quietinha aqui, esperando você vir até mim e me dizer que está com saudade. Não deixa tudo aquilo se perder.
Esse texto era pra reclamar do tanto que eu escrevo sobre você e olha que irônico, mais uma vez eu escrevi sobre você. Só que agora lá vai um último fato: as palavras que eu escrevo têm sim que estar vinculadas ao seu nome da mesma forma que os meus pensamentos estão. E eu reclamo de escrever sobre você, mas é o meu único alívio pra toda a intensidade que me acompanha - mesmo que seja um alívio instantâneo.