quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Fragilidade, frágil idade.


Juntei os papéis, enxuguei o rosto e suspirei com os dentes cerrados: "Agora eu arranco isso daqui". Era uma espécie de súplica para mim mesma, eu estava suplicando por paz ou pelo menos pelo fim da guerra. Quando encostei na caneta, comecei a fazer tic-tac no botão que fazia a ponta aparecer. Tic-tac. "Mas o que está me incomodando?", tic-tac. "A vida...", uma voz dentro de mim sussurrou. E eu escrevi: "A vida me incomoda". Mas me arrependi logo depois e rabisquei com muita força o tracejado. Tic-tac. "A vida não me incomoda, as pessoas me incomodam...", eu escrevi na linha abaixo. E a voz dentro de mim perguntou: "Quem? Diz!". E niguém me veio em mente: pensei em várias pessoas e não pensei em ninguém. Rabisquei de novo. "Eu me incomodo...", escrevi e borrei o papel com uma lágrima escura. Lágrima suja de lápis de olho, papel sujo de caneta borrada. Arranquei a folha com cuidado do caderno e embolei no menor tamanho possível. Mas a voz continuou: "Escreva a razão para você se sentir incomodada por você mesma..." e eu lambi meus lábios, abri uma página aleatória em branco e tentei recomeçar a escrever. Mas nada saiu. Rasguei e embolei uma quantidade incontável de folhas, não soube dizer o que me incomodava em mim mesma e era exatamente esse o problema: o vazio.

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