sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não vou escrever sobre você.


Eu não ia escrever sobre você porque não sei como fazer isso. Eu só sei escrever sobre pessoas que saíram da minha vida ou sobre personagens invisíveis, não sei escrever sobre você. Eu não podia escrever sobre você porque quando eu escrevo sobre alguém, eu me assusto com minhas próprias palavras e me escondo com meus papéis e fico assombrada por tempos e tempos e as palavras jorram e escapolem e me ferem e me cortam e criam coisas dentro de mim. Não gosto dos meus tracejados, mas acredito na magia deles... Por isso que eu não devia escrever sobre você: eu tenho medo. Medo de abrir espaço e dar ar para isso nascer, crescer e viver dentro de mim.

Eu juro que não podia escrever sobre você, mas noite passada eu me peguei triste, menino, a tristeza me invadiu fundo e só seu nome rondava minha cabeça. Não pense que a culpa é sua, não não, a culpa não é sua... Eu não fiquei triste por você, eu fiquei triste por mim, mas com o pensamento em você. O que eu posso dizer para te explicar melhor? Eu me senti toda atrapalhada e amedrontada, acho que é isso, entende? Não, você não entende. Se nem eu entendo, você não entende. Eu não devia escrever sobre você, mas estou aqui porque quero ver se ao menos minhas palavras alcançam algum sentido.

Eu não ia escrever sobre você, mas começou a tocar aquela música que me lembra você. Eu não ia escrever sobre você, mas falaram algo na rua que me lembrou você. Eu não ia escrever sobre você, mas você me ligou. Eu não ia escrever sobre você, mas eu te liguei. Eu não ia escrever sobre você, mas meu pensamento se inchou de tanto "você" na minha cabeça que eu me rendi. Olhei pra mim mesma e falei: "É isso que você quer? Ok! Vou escrever sobre o tal, mas depois não reclama". Eu sei o risco que eu estou correndo enquanto escrevo sobre você, mas eu sei mais ainda que minha cabeça corria o risco de explodir se eu não escrevesse. Juro que não estou exagerando, juro mesmo.

Mas agora que eu já estou escrevendo sobre você, não sei o que falar. As palavras sumiram como mágica... Três parágrafos tentando dizer algo e não dizendo nada. E o que eu poderia acrescentar? Frases sem sentidos explicando o que me faz cantarolar "você-não-sai-do-meu-pensamento"? Relatar sobre as famosas horas iguais que eu tanto tenho visto esses dias? Reescrever as coisas que você me diz e que me arrancam tantos sorrisos e risadas? Expor no papel a minha vontade de te abraçar? A minha vontade de te agradecer? Não, não, deixa tudo isso pra próxima... Agora eu só vou dizer uma coisa, agora eu só quero te pedir pra não deixar esse carinho se acabar. Não deixa, por favor, não estou pedindo para criar um mundo encantado, não é isso... Só estou te pedindo para conservar essa compatibilidade instantânea que eu senti com você. Não some, não me esquece, não foge, não desaparece: continua aqui. Só isso: continua aqui. Eu não devia escrever sobre você, mas escrevi.

Um comentário:

Mariana disse...

E cada dia ela se supera. Perfeita combinação entre música e texto. parabéns Paula! Só isso que posso dizer