sexta-feira, 28 de outubro de 2011

(Re)ver.

Você sempre foi minha certeza, meu melhor amigo. Eu lembro bem da primeira vez que eu te vi: naquela esquina do nosso antigo colégio. Todo final de aula lá estava você, lá estava eu. Trocávamos insultos que nos arrancavam risadas e eu sempre te implorava por um abraço que você sempre negava ou senão, você até que me abraçava daquele jeito meio torto que eu reclamava, mas sempre gostei. Eu falava que você não sabia abraçar e você me empurrava. Íamos embora andando, nosso caminho era o mesmo até certo ponto que eu virava uma esquininha para ir para casa da minha avó e você continuava reto. Durante o caminho, você sempre falava das minhas pernas de alicate e dos meus tropeços, eu te dava tapas nas costas e você falava: "Filha da puta, mentira, eu gosto da sua mãe" e eu ria muito. Brigávamos sério também, mas me lembro de uma vez que fomos o caminho todo abraçados depois de fazer as pazes. Você sempre foi fechado demais e lembro o tanto que me doeu quando te vi chorar no shopping, na frente de todos e eu só te olhei com o coração doendo porque fiquei sem reação. Por você ser fechado demais, lembro bem da sua mania de implicar com a minha sensibilidade, você dizia que não entendia porque eu me abalava tanto com seu jeito e eu falava que grosseria me abalava e começava a repetir sobre a sua frieza. As várias bebedeiras que já tive até hoje sempre eram melhores quando você estava por perto: a nossa dancinha enquanto cantarolávamos "vamos-beber?" e nossas noites em claro brincando ou rindo ou cantando mais ou dançando. Teve aquele dia que dez da manhã eu estava deitada no seu colo e do nada soltei um "Mimimi" e você estava meio dormindo e gargalhou sonâmbulo enquanto a TV passava algum desenho animado baixinho. E chegou o dia que você teve que ir embora pra bem-longe-daqui. Nunca te contei, mas depois daquele abraço demorado que nós demos na sua festa de despedida, eu cheguei em casa trêmula e chorei como um bebê. É inevitável um distanciamento das almas quando a distância física surge, mas nós continuamos, lembro de você dizer que estávamos a "uma mensagem no celular de distância" e eu sempre concordei. Eu te ligava bêbada e pedia para você dizer que ainda gostava de mim e você falava que isso não era preciso falar e logo depois falava: "Shiu, não me pede prova de amizade". Você me mandava mensagem contando o que havia feito naquela noite de sexta-feira quente e eu ria porque você não havia saído com a loira-gatíssima porque tinha esquecido o dinheiro em casa. Você já me magoou demais desde que se foi pro lado de lá, mas nada foi o suficiente para me fazer deixar de sentir essa imensidão de carinho dentro de mim. Nos últimos tempos, a certeza permanece, apesar de você já não aparecer tanto assim. Mas eu só queria te dizer umas oito vezes seguidas o tanto que você significa pra mim. A saudade está grande e a vontade de te abraçar — daquele jeito meio torto — está maior ainda. Não me esquece, por favor. Eu preciso muito te (re)ver.

Um comentário:

Anônimo disse...

Linda amizade!