quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Murmurava tanta coisa...

E me pedia em segredo, aquele monte de bobagens. Ninguém prestava atenção nos sons, nos ecos. Mas ele continuava me pedindo enquanto eu estivesse ali. E eu sempre estava. O coração palpitava, ficava exposto para quem quisesse ver e ele me pedia e repetia. Era tudo segredo. Segredo sacana, mas não era covarde. Não tinha covardia ali. Era a mais pura forma de segredo. Silêncios do tamanho do céu que nos aproximavam enquanto o mar de lençóis nos rodeavam e depois o silêncio sumia aos poucos e dava lugar a mais segredos. Segredos que só nós ouvimos. E todo aquele choque me acompanha desde então, choque que me arrepia cada fio de cabelo, até mesmo os meus raros pêlos do braço. O meu maior segredo e a minha melhor confissão. Ele se escondia entre sonos pesados e me chamava baixinho quando começava a amanhecer, a noite vinha chegando pesada, mas ele repetia: o sol ainda existe, baby, me conta teus segredos também. E compartilhávamos. Nos rásgavamos sem pudor diante um do outro e eu balbuciava quando alguma lágrima queria sair e ele ficava perplexo tentando entender o que estava havendo. Eu só dizia que nada, nada, nada. Mas sem mencionar que sentir tanto me preenchia e que quando o amor aumentava, eu precisava transbordar. Esse segredo ele nunca soube, esse segredo ele nunca ouviu pela minha boca, mas quando ouvia meu silêncio, já entendia bem. Eu transbordava e ainda transbordo amor. Transbordo sem medo do amanhã porque estamos muito além dessa definição de tempo. Ontem, hoje, agora, depois e amanhã... Tudo se embaralha e eu continuo compartilhando meus segredos com você, continuo sentindo tanto choque antes de dormir e continuo abafando qualquer som com algum CD barato que repete sempre as mesmas canções para os meus ouvidos que nunca se cansam de ouvir atentos enquanto eu me perco em nós dois.

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