Sinto minha inspiração escorrendo pelo ralo.
Como se a enxurrada da rua estivesse limpando minha mente, arrancando minhas lágrimas e lambendo meu rosto, levando consigo as palavras que eu nunca usei.
Sempre coube a mim falar incessantemente. Eu sempre suportei nosso silêncio, sempre engoli o vácuo que nos rodeava para ter ao menos nosso silêncio. Mas quando era hora de falar, sempre coube a mim.
Já joguei milhares de palavras contra você, como se fossem tijolos pesados. Você sempre se assustou, mas sempre se deixou atingir. Em cheio. No meio da cara. Você sentia uma dor horrível quando minhas palavras te atingiam, mas mesmo assim, sempre disse que eu não devia pedir desculpas por nada. A culpa nunca foi minha, baby?
Presta atenção. É claro que a culpa é minha.
Sou eu que ouço as músicas e relaciono conosco. Sou eu que ouço Beatles, Renato Russo, Cazuza e Caetano, te procurando em cada verso. Sou eu que fecho os olhos e deixo as palavras se apossarem de mim. Nunca impedi que nenhuma merda não fosse vomitada porque eu sempre me sentia sufocada com tudo engasgado em mim. Mas e você? Quantas vezes você não sentiu tudo engasgado e acabou passando mal escondido de mim? Quantas, me diz? E você nem ao menos me chamou para segurar seus cabelos antes que eles grudassem no seu rosto, misturando lágrimas, suor e desespero. Ao contrário de mim. Eu sempre apertei sua mão com tanta força, sempre expus minha dor sem remédio e você ainda diz que a culpa não é minha?
A culpa é mais do que minha. A culpa se apossou de mim a partir do momento que eu chorei desesperada no seu ouvido pela primeira vez. Eu nunca deveria ter me descascado dessa forma para você, nunca deveria ter subido nos seus ombros porque eu achava que você tinha ombros fortes. Agora seus ombros são fracos. Eu te causei uma dor infernal e agora você se curva dessa forma enquanto anda.
Eu nunca fiz nada por mal. Nunca quis que você me salvasse porque eu sei que não há salvação para quem escreve. Mas você me salvou. Olha que merda. Você me salvou. Você limpou minha alma com suas piadas horríveis que nem aquela do homem de três cabeça que eu comecei a contar para todos. Você limpou minha alma e eu te sujei. Com cada esforço para te fazer feliz, eu te sujava mais. E você nunca me culpou.
De certa forma, você se culpa. E eu sinto vontade de chorar quando você diz que não há esperança para você. Acabo chorando mesmo.
Porque há esperança sim. Você já é a esperança em forma de pessoa que surgiu no meu caminho.
Eu sempre quis te salvar dos monstros que eu mesma jogava no seu quarto no meio da noite. Sempre quis te salvar de mim. Sempre quis te salvar de você.
Eu tento todos os dias. Eu me esforço com todas as minhas forças, tenho me esforçado para limpar a bagunça que eu causei. Vou começar pelas janelas que são seus olhos. Ainda quero te fazer enxergar que podemos ir longe. Depois limparei suas mãos que eu manchei de sangue enquanto fincava minhas unhas desesperadas em você. Limparei o nosso céu, nossa rua, nosso mundo e o que mais for preciso. Só para você não curvar mais os ombros enquanto anda, só para apaziguar sua dor.
Como se a enxurrada da rua estivesse limpando minha mente, arrancando minhas lágrimas e lambendo meu rosto, levando consigo as palavras que eu nunca usei.
Sempre coube a mim falar incessantemente. Eu sempre suportei nosso silêncio, sempre engoli o vácuo que nos rodeava para ter ao menos nosso silêncio. Mas quando era hora de falar, sempre coube a mim.
Já joguei milhares de palavras contra você, como se fossem tijolos pesados. Você sempre se assustou, mas sempre se deixou atingir. Em cheio. No meio da cara. Você sentia uma dor horrível quando minhas palavras te atingiam, mas mesmo assim, sempre disse que eu não devia pedir desculpas por nada. A culpa nunca foi minha, baby?
Presta atenção. É claro que a culpa é minha.
Sou eu que ouço as músicas e relaciono conosco. Sou eu que ouço Beatles, Renato Russo, Cazuza e Caetano, te procurando em cada verso. Sou eu que fecho os olhos e deixo as palavras se apossarem de mim. Nunca impedi que nenhuma merda não fosse vomitada porque eu sempre me sentia sufocada com tudo engasgado em mim. Mas e você? Quantas vezes você não sentiu tudo engasgado e acabou passando mal escondido de mim? Quantas, me diz? E você nem ao menos me chamou para segurar seus cabelos antes que eles grudassem no seu rosto, misturando lágrimas, suor e desespero. Ao contrário de mim. Eu sempre apertei sua mão com tanta força, sempre expus minha dor sem remédio e você ainda diz que a culpa não é minha?
A culpa é mais do que minha. A culpa se apossou de mim a partir do momento que eu chorei desesperada no seu ouvido pela primeira vez. Eu nunca deveria ter me descascado dessa forma para você, nunca deveria ter subido nos seus ombros porque eu achava que você tinha ombros fortes. Agora seus ombros são fracos. Eu te causei uma dor infernal e agora você se curva dessa forma enquanto anda.
Eu nunca fiz nada por mal. Nunca quis que você me salvasse porque eu sei que não há salvação para quem escreve. Mas você me salvou. Olha que merda. Você me salvou. Você limpou minha alma com suas piadas horríveis que nem aquela do homem de três cabeça que eu comecei a contar para todos. Você limpou minha alma e eu te sujei. Com cada esforço para te fazer feliz, eu te sujava mais. E você nunca me culpou.
De certa forma, você se culpa. E eu sinto vontade de chorar quando você diz que não há esperança para você. Acabo chorando mesmo.
Porque há esperança sim. Você já é a esperança em forma de pessoa que surgiu no meu caminho.
Eu sempre quis te salvar dos monstros que eu mesma jogava no seu quarto no meio da noite. Sempre quis te salvar de mim. Sempre quis te salvar de você.
Eu tento todos os dias. Eu me esforço com todas as minhas forças, tenho me esforçado para limpar a bagunça que eu causei. Vou começar pelas janelas que são seus olhos. Ainda quero te fazer enxergar que podemos ir longe. Depois limparei suas mãos que eu manchei de sangue enquanto fincava minhas unhas desesperadas em você. Limparei o nosso céu, nossa rua, nosso mundo e o que mais for preciso. Só para você não curvar mais os ombros enquanto anda, só para apaziguar sua dor.
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