domingo, 28 de outubro de 2012

Fênix.

Nossos ombros são tão frágeis. Não suportamos o mundo em nossas costas. Eu não suporto carregar baldes com suas lágrimas em cima da minha cabeça, você não suporta as marteladas de realidade que minhas lamúrias fazem você sentir diretamente na sua cabeça. Não suportamos. Somos frágeis, como qualquer folha de papel voando sem rumo. Mas somos fortes. Como qualquer incêndio que se iniciou porque um fósforo caiu na mata. Foi tudo ameno até deixar de ser. Foi tudo fácil até nossa fragilidade escancarar os dentes e tentar nos devorar. Mas ela não conseguiu. Só que ela não desiste de tentar. O nosso universo insiste em gritar que é aqui o nosso lugar, mas nossa fragilidade nos faz pensar que não podemos suportar sendo que podemos. Todas as vozes dizem que podemos, todas essas vozes internas que lutam contra meus demônios. Só temos que tirar o peso do mundo das costas e deixar que ele escorra pelo chão, se infiltre nas ruas e deixe nossos ombros em paz. Ninguém merece ter que se fazer mais forte do que realmente é, nós não merecemos. A nossa leveza ainda se esconde com a nossa força. Silenciosamente e discretamente, consigo ver que ainda há uma fênix em nós. Ou melhor: somos a fênix. Somos uma única fênix nesse emaranhado de ilusões e derrotas, nossa essência é a mesma e eu estou sentindo o cheiro forte das cinzas. Mas não se preocupe, amor. Somos dessa espécie rara que nunca morre de vez, somos dessa espécie rara que sempre renasce do pó.

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