sexta-feira, 5 de março de 2010

Um avião e um sonho.


Estava tendo uma festa naquela escola gigantesca. Eu lembro bem que eu estava com uma blusa de manga longa vermelha e com uma calça jeans. Havia piscina, gente para todos os lados, um ambiente fechado enorme - cheio de salas onde havia gente se beijando -, havia um quintal gigantesco e meus amigos também estavam lá.

Tudo estava normal até que o Rafael disse:

- Vou lá... - E piscou para minhas amigas, me ignorando completamente. Minhas amigas riram e olharam para mim como se nada estivesse acontecendo.

O Rafael já dirigia, ele jogou a chave do carro para o ar e pegou rapidamente enquanto ajeitava seu boné vermelho. Continuamos na festa e depois de um tempo uma chuva assustadora começou. Eu entrei correndo para dentro do ambiente fechado e me deparei com Rafael sorrindo maliciosamente.

A Alana olhou para ele e sussurrou:

- Você buscou ele? - Eu levantei uma sobrancelha e não pude deixar de perguntar.

- Buscou quem? - Eu rocei um labio em outro e Rafael me olhou.

- O Leandro... No aeroporto. - Eu arregalei os olhos e achei que era brincadeira, até que ele prosseguiu. - Ele está hospedado naquela casa enorme que tem aqui perto. - Um trovão me fez encolher e cruzar os braços em sinal de tensão e de um disparar de coração tão intenso que chegava a doer.

A Amanda, Ana Laura e Luísa chegaram e perguntaram se a Alana já havia me contado. Eu assenti com a cabeça e sorri.

- Vocês conversaram? - Rafael fez que sim com a cabeça e colocou o dedo indicador no lábio.

- Mas é segredo. - Enruguei minha testa e olhei para minhas amigas, uma de cada vez.

- Vamos lá comigo? - Elas sorriram e bateram palmas animadamente. Era óbvio que elas iriam.

A chuva não havia diminuido e saimos correndo pela cidade, eu estava molhando e sentindo as gotas baterem fortemente contra meu rosto. Eu não ligava, eu iria te ver.

Quando eu cheguei no devido endereço que o Rafael disse que havia te deixado, eu olhei para uma janela do terceiro andar e lá estava você. Debruçado sobre a janela, os braços presos entre o seu peito e a janela e seu boné preto virado para trás estava ali, exatamente como eu te imaginava. Minhas amigas me empurraram e falaram:

- Vai lá. - Você ainda não havia me visto.

Eu corri em direção à porta e o vento me fez estremecer. Corri escadas acima gritando seu nome:

- Leandro? Leandro? - Eu disse com uma mistura de lágrimas e gotas de chuva escorrendo pelo meu rosto. Quando cheguei no quarto onde você estava na janela, você não estava mais lá e o vento batia a janela com força contra as paredes. Um raio acompanhado de um alto trovão me assustou. Eu desci as escadas e fui novamente para o lado de fora da casa, minhas amigas me olharam assustadas e perguntaram o que havia acontecido:

- O que foi? - Eu tremi meus lábios que estavam vermelho de frio.

- Não foi... Ele não estava mais lá.

- Paula, larga de ser boba, procure em outros cantos da casa. - Eu sorri e assenti com a cabeça, corri novamente para dentro da casa e percorri todos os cantos.

Até que cheguei em uma sala escura onde haviam aproximadamente 9 pessoas vendo TV. Você era uma dessas 9 pessoas e meu coração queria pular em sua direção quando eu te vi. Eu passei correndo na sua frente e nem te dei a chance de me olhar, puxei sua mão e corri para o corredor. Antes que eu tentasse dizer algo, você me puxou e me abraçou. Ah, aquele abraço.

Ficamos conversando encostados naquele corredor por um bom tempo, até que você me levou para casa e disse que estava tarde.

- Mas amanhã eu quero te ver. - Você sussurrou depositando um beijo na minha testa que só naquele momento estava se secando da chuva.

- Você vai embora quando? - Eu sorri tristemente já imaginando a resposta.

- Amanhã depois do meu curso. - Eu pulei em seu pescoço e te abracei com toda a força que eu encontrei dentro de mim. Eu quis gritar que você podia ficar lá em casa para sempre, mas eu não podia. - A gente se vê no shopping, ok?

Quando eu entrei no msn assim que voltei pra casa, você entrou também e me mandou:

"Eu preciso te ver de novo, promete que não vai me 
deixar ir embora sem te abraçar uma última vez?"

Mas antes que eu respondesse, eu acordei com a minha irmã me chamando. Foi só aí que eu vi que tinha sido só mais um sonho louco que me deu raiva quando acabou.

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