Eu morro todos os dias, amor. Morro e levo comigo toda a história suja e mal contada desse mundo. Morro naqueles instantes entre o ainda estar desperta e o fechar dos meus olhos no fim das noites. Não sei explicar como e nem porquê, mas o suspiro sai em forma de sopro forte e tudo acaba. Vou ao céu e vou ao inferno. Depende do dia, depende de mim. Eu morro todos os dias, amor. O sonho vira uma espécie de pesadelo, a agonia vira uma espécie de paz e eu não consigo explicar. Estico os braços pela cama te procurando e as lágrimas caem, mas uma voz me diz: você já morreu, menina, esquece isso. E eu quero gritar que não que eu preciso voltar que isso não está certo, mas me deixo levar. Saio pela janela enquanto continuo na cama. Vago por essas ruas que escondem segredos pelas noites e nunca sei o que procuro. Nunca sei se procuro uma saída ou uma maneira de me perder e não voltar.
Eu morro todos os dias, amor. Não há velório, não há nenhuma lágrima além das minhas, ninguém percebe que eu morri. Levo o silêncio, levo as flores, levo as dores, levo as alegrias e as trago de volta quando renasço. Trago de volta em cacos e tento reconstruí-las. Quando eu volto voando pela mesma janela que eu saí, trago nos bolsos milhares de planos e sonhos que se quebraram enquanto eu estava a caminho do céu. Jogo tudo na cama e me observo dormindo. Transpareço tanta paz e exalo tanta agonia. Abro os olhos como se tivesse sido despertada de um sono muito profundo. Apoio a mão esquerda com toda a força no meu peito e tento organizar os pensamentos. Morrer não é tão difícil quando comparo com essa forma de renascer tão aflita.
Renasço com palpitações, com dor de cabeça e com as vistas meio turvas, com os olhos meio marejados. Suspiro tentando manter a calma e observo minhas mãos trêmulas. Olho no relógio nesses momentos e o horário que eu renasço é sempre o mesmo: cinco-e-trinta-e-sete. Observo meus braços arrepiados e peço pra essa aflição ir embora. Lembro dos sonhos quebrados no meio do caminho e vasculho os cobertores enquanto resmungo: tenho certeza que foi aqui que eu os joguei agora a pouco. Mas não os acho. Não vejo nada, mas sinto os cacos fincando cada pedacinho de mim. Choro um pouco e me sinto fracassada por não ter conseguido voltar inteira. Começo a tentar mentalizar coisas boas para estar completamente viva quando o Sol nascer e o que ronda minha mente são as cores do dia. O peito desacelera e eu respiro fundo.
Eu morro todos os dias, amor, mas sempre renasço com mais sede de vida.
Eu morro todos os dias, amor. Não há velório, não há nenhuma lágrima além das minhas, ninguém percebe que eu morri. Levo o silêncio, levo as flores, levo as dores, levo as alegrias e as trago de volta quando renasço. Trago de volta em cacos e tento reconstruí-las. Quando eu volto voando pela mesma janela que eu saí, trago nos bolsos milhares de planos e sonhos que se quebraram enquanto eu estava a caminho do céu. Jogo tudo na cama e me observo dormindo. Transpareço tanta paz e exalo tanta agonia. Abro os olhos como se tivesse sido despertada de um sono muito profundo. Apoio a mão esquerda com toda a força no meu peito e tento organizar os pensamentos. Morrer não é tão difícil quando comparo com essa forma de renascer tão aflita.
Renasço com palpitações, com dor de cabeça e com as vistas meio turvas, com os olhos meio marejados. Suspiro tentando manter a calma e observo minhas mãos trêmulas. Olho no relógio nesses momentos e o horário que eu renasço é sempre o mesmo: cinco-e-trinta-e-sete. Observo meus braços arrepiados e peço pra essa aflição ir embora. Lembro dos sonhos quebrados no meio do caminho e vasculho os cobertores enquanto resmungo: tenho certeza que foi aqui que eu os joguei agora a pouco. Mas não os acho. Não vejo nada, mas sinto os cacos fincando cada pedacinho de mim. Choro um pouco e me sinto fracassada por não ter conseguido voltar inteira. Começo a tentar mentalizar coisas boas para estar completamente viva quando o Sol nascer e o que ronda minha mente são as cores do dia. O peito desacelera e eu respiro fundo.
Eu morro todos os dias, amor, mas sempre renasço com mais sede de vida.
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