Numa conversa casual, minha mãe veio me contar que ontem iria fazer 22 anos de casada com meu pai se eles ainda estivessem juntos... Eu bebi um copo d'água e tentei não pensar nisso e consegui. Até deitar a cabeça no travesseiro. Quando eu estava pegando no sono, me veio uma pergunta em mente: O que leva um amor a se acabar assim?
Eu era criança, mas me lembro de olhar para os discos de vinil dos Beatles, Kid Abelha e tantos outros com pequenos escritos finalizados em um eu-te-amo.
Lembro de espiar pela fresta da porta da sala e vê-los se beijando dançando e aí eles me olhavam, gargalhavam e eu saia correndo.
Lembro das fotos do casamento. Onde é que elas foram parar, meu Deus?
Das alianças douradas.
Lembro das brigas também, é claro...
Lembro daquela rotina gostosa de esperá-lo na porta do trabalho, ganhar um beijo no rosto e depois vê-lo cumprimentando ela carinhosamente.
Lembro até certo ponto...
Mas tem um momento na minha mente que tudo isso se apaga.
E tudo que se passa dentro de mim é aquele dia de agosto de dois mil e sete: nós-vamos-nos-separar.
Eu fiquei triste nesse dia. Chorei... Ô, eu sofri demais. "Acabou, acabou", eu pensava.
Achei que era o fim do mundo.
Mas eu vejo que o amor ainda é eterno. Na memória, em mim e na minha irmã.
Quer prova mais bonita de um amor do que duas filhas tão amadas por duas pessoas tão incríveis?
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