quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Replay,


O Sol entrava pela janela e me chamava para mais um dia, mas enquanto abria os olhos e retomava a consciênca, eu reparei que não ouvia os barulhos de carros na rua, ouvia apenas alguns latidos dos cachorros e o canto dos pássaros. Olhei para o quarto que eu estava... Eu conhecia muito bem aquele quarto, mas há tempos eu não dormia ali. Eu me encontrava no meu antigo quarto da minha antiga casa.

Fui coçar os olhos e soltei um grito abafado, minhas mãos estavam bem menores que o normal. Sentei-me em minhas cama e meus pés não alcançaram o chão. Minhas pernas estavam minúsculas, meus pés pareciam miniaturas. Pulei da cama e fui até o corredor da casa com a intenção de me olhar no espelho, mas este estava alto demais e tudo que eu consegui foi observar a parede verde água. Comecei a ouvir passos vindos da sala e me virei, minha mãe estava se aproximando e me pegou no colo quando chegou mais perto, conversando comigo como se eu fosse uma criança... E era exatamente nisso que eu havia me transformado.

Ela me levou para a sala e observei a vitrola que tocava algum disco dos Beatles, eu queria falar que adorava aquele disco, mas só consegui rir enquanto ela me colocava no tapete e falava que iria fazer almoço e que eu deveria ficar brincando quietinha. Antes que ela se retirasse, meu pai apareceu na sala também e eles se beijaram sorrindo. Mas eles não tinham se separado? Eu tenho certeza que sim, mas sorri observando aquela cena. De repente, minha irmã apareceu correndo na sala com um chocalho na mão. Meu pai e minha mãe a colocaram perto de mim e ela começou a sorrir, quando eles se retiraram da sala, ela falou comigo:

— Nem acredito que deu certo essa história de voltar no tempo... Até ontem eu tinha vinte anos e você dezessete.
— Que história? — Perguntei intrigada.
— Não importa, o que importa é que voltamos.

Fiquei boquiaberta, mas ela não pensou duas vezes antes de me pegar pela mão e me levar para o quintal de casa. E eu comecei a sentir tudo de novo: o prazer de pisar descalço na grama verdinha, o calor gostoso do Sol batendo no rosto com o vento bagunçando meus poucos cabelos, os cachorros correndo atrás de mim e as risadas... Tantas risadas por motivos pequenos. Passei o dia todo com minha irmã no quintal, só entramos para comer algumas besteiras ou para nos sentarmos um pouco na sala ouvindo a vitrola. Quase no fim da tarde, meus três primos chegaram e juntaram-se a nós. Éramos de novo aquele grupo de cinco crianças que não tinham nenhuma obrigação além de se divertir.

Antes que eu percebesse, acordei. E chorei.

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