Esses dias são raros, mas eles existem. E corroem. A cabeça lateja tanto que é preciso fechar os olhos pra não chorar. Para não chorar pela dor de cabeça? Não, não só por isso, por tudo. Alguns diriam que isso é drama de adolescente que não tem do que reclamar, outros diriam que compreendem e se sentem da mesma forma, eu não digo nada. Nadinha. Silêncio profundo que enche o sábado, o domingo e mais ainda as segundas. Vai dando uma moleza inexplicável, uma preguiça de tudo e uma vontade de pegar a escada da dispensa, colocar na frente do guarda-roupa e tirar do maleiro aquela mala antiga empoeirada, soprá-la e colocar ali todas as roupas e todos os sonhos e ir embora. Sem rumo, sem ninguém. Mas nada é feito, apenas me ajeito no sofá e deixo as lágrimas caírem. Eu poderia ligar para uma amiga e pedir companhia, poderia chamar minha irmã e pedir para ela me contar uma história, poderia mandar mensagens no celular de tanta gente, poderia ir ao shopping... Ah, eu poderia muitas coisas, mas eu não faço nada disso porque eu sei de mim. Eu sei que há males dentro de mim que só a solidão cura. Só me resta apagar a luz e ir dormir.
Um comentário:
Tem dias que precisamos só da nossa própria companhia.
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