Junto pedaços seus por todos os cantos, mas quando te observo, você continua todo desconfigurado. Continua com um pedaço rachado e outro pedaço sem encaixe. Aí começa a me olhar com essa cara de quem já não quer mais ficar, só pra ver se eu não te quebro em milhares de pedaços e te deixo livre pra não ser nada. Mas que triste seria, amor. Que triste seria não ser nada. E como eu nunca te obedeci, sempre fui contra tudo que você dizia, eu te empilhava no canto da sala, tomava um café e te observava em silêncio até alguma ideia brilhante aparecer na minha mente. E eu passava noites e dias e madrugadas e estações inteiras tentando nos consertar, mas você nunca percebia, nunca entendia e sempre me olhava com a mesma cara de antes. Eu me encolhia no canto pensando o que eu estava fazendo de errado e você nunca falava. Eu dava tudo de mim e você nunca falava. Eu ficava naquele blábláblá sem pausas enquanto tentava te fazer lembrar dos nossos planos, dos nomes dos nossos futuros filhos, dos nossos cachorros e você ficava naquele silêncio do tamanho de um abismo que eu nunca entendia. Eu me quebrava toda pra ver se alguma pecinha de mim te ajudaria a se reconstruir, eu tentava me encaixar e sempre ficava com uma parte de mim solta. Eu só implorava bem baixo pra você me ajudar, pra você me cuidar, pra gente se cuidar juntos. Mas você não ouvia. E de alguma forma, eu tirava forças não sei de onde, pra me recompor sozinha e lutar por você mais uma vez. Só mais uma. Última vez, promessa. As últimas vezes nunca foram últimas. Não creio que algum dia vão ser.
Eu fico, juro que fico. Mas me pede pra ficar.
Eu fico, juro que fico. Mas me pede pra ficar.
Um comentário:
Caraca
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