Enquanto brigávamos, ele me lembrava o quanto eu era indecisa e dizia que não sabia mais lidar com aquilo. Sendo que no início da nossa relação, tudo que ele dizia era que aceitava meus defeitos e os aceitaria para sempre. Ou meus defeitos ficaram maiores do que o suportável ou a visão de 'pra sempre' dele é muito diferente da minha. Para não ficar por baixo, eu o lembrava o quanto que ele era estúpido. Adjetivo que eu dava para ele quando ele me irritava por pegar muito na minha gordura a mais no canto da cintura, mas naquele momento, era de maneira séria.
As palavras saiam como cuspe da minha boca e saiam como tiro da boca dele. Não sei se doía mais nele, sentir os cuspes contra seu rosto limpo. Ou se doía mais em mim, sentir os tiros contra meu peito. Provavelmente, estávamos sentindo a mesma dor. Nós nos amávamos loucamente até algum tempo atrás e esse amor nasceu de um desejo intenso que surgiu assim que botamos os olhos um no outro. Mas no meio de tanta intensidade, o sofrimento passou a ser intenso também. A compatibilidade foi se esvaindo com o tempo, com o vento que estava cada vez mais forte. E lá estávamos nós brigando, ele me chamando de indecisa e eu o chamando de estúpido. "Acabou", foi o que falamos em uníssono, talvez fora o nosso último sinal de compatibilidade, o último suspiro antes da nossa morte.
Um comentário:
Gostei muito desse texto '' Acabou '', pois me identifiquei muito com ele : ) Infelizmente eles todo dizem isso que é para sempre, um para sempre que acaba no meio :\
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