Ele estava arrumando as malas tranquilamente. Estava no quarto andar de um prédio situado no centro de Londres: viagem extensa demais à trabalho. Reuniões, pouco tempo para falar ao telefone com aquela que ele havia deixado nos Estados Unidos. Depois de trezentos e oitenta e sete dias e uma única visita ao seu lar, ele finalmente estava vestindo sua jaqueta de couro preta, seus jeans surrados e estava arrumando as malas para voltar de vez. Ele estava calmo, o estresse havia ido embora porque depois de tanto tempo, ele voltaria para o apartamento 505 no centro New York. Seria uma surpresa para ela, seria um alívio pra ele... Chega um ponto em que a dor da saudade se externaliza e se torna uma dor física, o certo seriam quatrocentos dias de trabalho, mas ele tinha que ir embora porque o coração estava implorando.
Enquanto isso, do outro lado do oceano, ela estava chegando de mais um dia exaustivo de trabalho. Estava chegando com o mesmo desânimo de sempre. Abriu a porta do apartamento e não tinha ninguém para lhe dar "Oi" com um beijo ou para falar que havia um café pronto se ela quisesse beber enquanto observava a cidade conversando. Era ela e ela mesma, apenas. Quem ela mais precisava, estava muito longe dali, mas ela nem sonhava que enquanto ela estivesse dormindo naquela noite, ela teria uma surpresa.
Depois das malas prontas, ele colocou seus óculos escuros e foi para a porta do prédio esperar um táxi. Em menos de uma hora, ele já se encontrava dentro do avião. 7 horas voando seria uma eternidade. Era preciso muito mais do que paciência para que ele suportasse uma viagem tão longa. Encostou-se no seu assento e sorriu involuntariamente imaginando-a deitada no canto esquerdo da cama, encolhida, com o rosto virado para a janela fechada. O sorriso sumiu quando ele pensou na tristeza dela, estava cansado de ouvi-la reclamar de sua ausência, de lembrar de quando a ouviu chorar a única vez que ele havia ido visitá-la nesse tempo falando que ele poderia muito bem arrumar um emprego novo perto de casa... Só agora ele tinha percebido que era exatamente aquilo que ele tinha que fazer.
Ela já havia jantado, já havia arrumado a cozinha e já havia limpado um pouco os móveis. Era isso que ela fazia quando nenhuma amiga ia visitá-la ou a chamava para o jantar, era aquela solidão gigantesca que ela sentia. Aquela vontade de gargalhar, mas não ter razão nenhuma pra isso. Ela sabia que ele não ligaria de novo porque ele chegava cansado e ia dormir e o fuso horário não batia e todas aquelas desculpas. Mas ela o amava apesar de tudo... E com aqueles pensamentos, ela tomou um banho quente e foi se deitar. Deu uma lida rápida no livro de cabeceira e sussurrou palavras apaixonadas na esperança de que ele ouvisse, desejou também que esses últimos dias passassem rápido para que ele voltasse logo. Mas nem imaginava que ele estava descendo em um aeroporto há 45 minutos da sua casa...
E a viagem havia chegado ao fim. Sentiu o cheiro da cidade e pensou que apesar de ter que dirigir 45 minutos ainda, ele estava satisfeito por finalmente ter chegado em casa. Alugou um carro rapidamente e iniciou sua pequena viagem até aquele prédio localizado na esquina do último quarteirão da rua com um jardim em frente, com uma pintura desgastada e com um apartamento no quinto andar que significava mais do que tudo pra ele. Já era madrugada e o sono estava se apossando dele, mas ele mantinha os olhos fixos na rua com uma ansiedade absurda de chegar em casa.
Depois de dirigir por longos minutos, ele estacionou na porta do prédio. Suspirou, fechou os olhos e sorriu para si mesmo. Olhou para as janelas do quinto andar e todas as luzes estavam apagadas. Continuou sorrindo. Pegou suas malas no banco do passageiro e apertou o botão que trancaria o carro. Pronto. Abriu o portão da frente com certa dificuldade e se dirigiu ao elevador que já estava no térreo. Entrou e apertou o 5. O coração dele estava batendo numa velocidade assustadora e ela estava num sono profundo, sem imaginar o que acontecia do lado de fora do apartamento. Ele desceu do elevador e abriu levemente a porta do apartamento. O sorriso não queria sair de jeito nenhum de seus lábios. Trancou a porta e deixou as malas no chão da sala mesmo. Não acendeu nenhuma luz e foi pisando na ponta dos pés até o quarto dos dois, conhecia muito bem aquele chão para saber onde havia obstáculos. Não fez nenhum ruído e viu a silhueta dela dormindo, tirou sua jaqueta preta e a jogou no chão. Ficou apenas com a blusa branca e seus jeans enquanto se aproximava da cama. Se deitou cautelosamente e tampou os olhos dela enquanto depositava um beijo em sua nuca. Ela ainda estava sonolenta e não havia entendido muito bem, parecia algum sonho. Mas ela despertou e tateou seus olhos — a mão dele ainda estava lá:
— Z-zack? — Ela gaguejou sentindo o peito ferver.
— Lisa. — Ele sussurrou.
Lágrimas saíam continuamente pelos olhos dela, um pouco pela tensão e um tanto pela felicidade. Ela rolou na cama e se virou de frente para ele: podia reconhecer muito bem aquela silhueta mesmo no escuro. A espera havia chegado ao fim e o reencontro havia acontecido. Finalmente.
Enquanto isso, do outro lado do oceano, ela estava chegando de mais um dia exaustivo de trabalho. Estava chegando com o mesmo desânimo de sempre. Abriu a porta do apartamento e não tinha ninguém para lhe dar "Oi" com um beijo ou para falar que havia um café pronto se ela quisesse beber enquanto observava a cidade conversando. Era ela e ela mesma, apenas. Quem ela mais precisava, estava muito longe dali, mas ela nem sonhava que enquanto ela estivesse dormindo naquela noite, ela teria uma surpresa.
Depois das malas prontas, ele colocou seus óculos escuros e foi para a porta do prédio esperar um táxi. Em menos de uma hora, ele já se encontrava dentro do avião. 7 horas voando seria uma eternidade. Era preciso muito mais do que paciência para que ele suportasse uma viagem tão longa. Encostou-se no seu assento e sorriu involuntariamente imaginando-a deitada no canto esquerdo da cama, encolhida, com o rosto virado para a janela fechada. O sorriso sumiu quando ele pensou na tristeza dela, estava cansado de ouvi-la reclamar de sua ausência, de lembrar de quando a ouviu chorar a única vez que ele havia ido visitá-la nesse tempo falando que ele poderia muito bem arrumar um emprego novo perto de casa... Só agora ele tinha percebido que era exatamente aquilo que ele tinha que fazer.
Ela já havia jantado, já havia arrumado a cozinha e já havia limpado um pouco os móveis. Era isso que ela fazia quando nenhuma amiga ia visitá-la ou a chamava para o jantar, era aquela solidão gigantesca que ela sentia. Aquela vontade de gargalhar, mas não ter razão nenhuma pra isso. Ela sabia que ele não ligaria de novo porque ele chegava cansado e ia dormir e o fuso horário não batia e todas aquelas desculpas. Mas ela o amava apesar de tudo... E com aqueles pensamentos, ela tomou um banho quente e foi se deitar. Deu uma lida rápida no livro de cabeceira e sussurrou palavras apaixonadas na esperança de que ele ouvisse, desejou também que esses últimos dias passassem rápido para que ele voltasse logo. Mas nem imaginava que ele estava descendo em um aeroporto há 45 minutos da sua casa...
E a viagem havia chegado ao fim. Sentiu o cheiro da cidade e pensou que apesar de ter que dirigir 45 minutos ainda, ele estava satisfeito por finalmente ter chegado em casa. Alugou um carro rapidamente e iniciou sua pequena viagem até aquele prédio localizado na esquina do último quarteirão da rua com um jardim em frente, com uma pintura desgastada e com um apartamento no quinto andar que significava mais do que tudo pra ele. Já era madrugada e o sono estava se apossando dele, mas ele mantinha os olhos fixos na rua com uma ansiedade absurda de chegar em casa.
Depois de dirigir por longos minutos, ele estacionou na porta do prédio. Suspirou, fechou os olhos e sorriu para si mesmo. Olhou para as janelas do quinto andar e todas as luzes estavam apagadas. Continuou sorrindo. Pegou suas malas no banco do passageiro e apertou o botão que trancaria o carro. Pronto. Abriu o portão da frente com certa dificuldade e se dirigiu ao elevador que já estava no térreo. Entrou e apertou o 5. O coração dele estava batendo numa velocidade assustadora e ela estava num sono profundo, sem imaginar o que acontecia do lado de fora do apartamento. Ele desceu do elevador e abriu levemente a porta do apartamento. O sorriso não queria sair de jeito nenhum de seus lábios. Trancou a porta e deixou as malas no chão da sala mesmo. Não acendeu nenhuma luz e foi pisando na ponta dos pés até o quarto dos dois, conhecia muito bem aquele chão para saber onde havia obstáculos. Não fez nenhum ruído e viu a silhueta dela dormindo, tirou sua jaqueta preta e a jogou no chão. Ficou apenas com a blusa branca e seus jeans enquanto se aproximava da cama. Se deitou cautelosamente e tampou os olhos dela enquanto depositava um beijo em sua nuca. Ela ainda estava sonolenta e não havia entendido muito bem, parecia algum sonho. Mas ela despertou e tateou seus olhos — a mão dele ainda estava lá:
— Z-zack? — Ela gaguejou sentindo o peito ferver.
— Lisa. — Ele sussurrou.
Lágrimas saíam continuamente pelos olhos dela, um pouco pela tensão e um tanto pela felicidade. Ela rolou na cama e se virou de frente para ele: podia reconhecer muito bem aquela silhueta mesmo no escuro. A espera havia chegado ao fim e o reencontro havia acontecido. Finalmente.
3 comentários:
AI MEU DEUS chorei!
Eu chorei. Você é boa nisso. Sei lá, talvez seja eu, que quando leio essas coisas penso que poderia acontecer comigo. Como um sonho na realidade. Um sonho impossível. Parabéns guria ;D
Também chorei. Imaginei sendo ele, meu branquelo qe tá tão longe de mim.. e foi dificil conter as lagrimas.. parabés moça.. seus textos são perfeitos!
Postar um comentário