terça-feira, 23 de agosto de 2011

Eu que não amo você.


Não, eu não te amo mais. Eu te amei por cerca de oitocentos dias, eu tenho certeza que sim, mas isso passou. Está lá atrás, jogado no meio da estrada. A bagagem estava pesada demais e você não queria me ajudar a segurar, tive que jogar ao vento. Eu não penso mais em você, lembro de você de vez em quando, mas desde o dia que eu não acordei pensando em você, todos os dias seguintes foram lotados de pensamentos variados pela manhã. E o principal sempre foi: que-dia-bonito. Acredita? Pois é, pois é. O mundo gira, amor. Eu não olho mais para os outros caras imaginando seu rosto e nem consigo mais ficar procurando semelhanças entre eles e você, não tenho mais paciência. Eu não os acho mais interessantes que você, nisso eles ainda perdem, mas eles possuem algumas coisas que você não tem: carne e osso ao alcance das mãos, por exemplo... Eu posso abraçá-los se eu quiser. Você foi apenas a utopia mais bonita que existiu dentro de mim. Você foi o incêndio, a fumaça e o tempo foi o vento que te levou pra sei-lá-onde.

Não estou querendo fazer jogo duro e dizer tudo isso para me sentir a pessoa mais forte do mundo. Eu só quero mostrar que tenho certeza que não te amo mais. Meu coração não dispara, não dói. Nada. Mas apesar de não te amar nem um pouquinho mais, no dia do seu aniversário o meu teto desabou. Não entendi o que aconteceu, mas eu chorei tudo que não chorei nos últimos meses. Se eu fosse louca, eu teria pegado um avião só para te ver e ver se a agonia passava. Acho que sem querer me dei um choque de realidade e percebi que com a falta do meu amor por você, veio a falta de nós dois. Na minha mente, eu achava que eu e você seríamos sempre nós-dois apesar de todo resto, mas não é bem assim. Você ainda diz que eu sou linda, você ainda sabe que tudo que eu te falo é do coração — porque é —, mas não existe aquele brilho mais. E esse choque, me fez te olhar com os olhos marejados por oitenta minutos e parece que eu revivi os oitocentos dias que eu te amei. E apesar de não te amar mais, eu te amei de novo. Eu te amei por tudo que fomos e chorei por tudo que não somos mais.

O que eu senti no dia do seu aniversário de vinte anos foi a pior sensação dos últimos tempos. A minha boca ficou seca e se alguém aqui em casa fumasse, eu teria roubado um cigarro. Eu nem gosto de fumar, mas me veio na cabeça que aquilo aliviaria a minha tensão. Meus olhos ardiam se uma lágrima caia, mas eu me torturava e deixava cair, deixava escorrer até secar. Eu pensei em ficar bêbada, pegar aquele conhaque pela metade ali da sala e beber de uma vez só, para te explicar com uma voz erolada esse ciclo unilateral que você nem percebe ou se percebe finge que não percebe. Mas eu não fiz nada.... Porque era segunda-feira, dez da noite e eu estava cansada. Só entendi ao deitar a cabeça no travesseiro que eu posso deixar de te amar, mas o amor nunca vai morrer. Acabou a nossa história, mas não quero um cigarro, não quero um conhaque e não quero você, te guardo no canto mais quente do meu peito só para te lembrar de vez em quando.

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