sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Indizível.

Os fins das noites funcionam sempre da mesma forma. Eu fecho os olhos na sua frente e digo que quero dormir, fico encostada na cadeira de olhos fechados e você acredita realmente que eu só quero dormir, mas não passa pela sua cabeça que eu fecho os olhos para não chorar na sua frente. Falando assim, parece que todos os dias você me dá motivos para chorar, mas não é isso. Eu sinto vontade de chorar, mas não é de tristeza. É só pela presença do desconhecido, de algo que não tenho mais controle, algo que me controla, que regula cada pedaço mínimo do meu dia e do meu humor. Quando eu fecho os olhos, assim, pra segurar o choro, eu fico vagando pela minha cabeça buscando palavras, mas sempre desisto por ter medo de sussurrar bobagens demais em seus ouvidos. Eu me seguro por não saber como dizer. Aquele clichê de que certos sentimentos não se encaixam em palavras, se encaixou perfeitamente para mim. Para nós. Para nossa situação. Enquanto você dorme ou está longe de casa, eu permaneço com as luzes do quarto acesas e os olhos presos no teto. Olhos arregalados, parecendo olhos de crianças assustada. Enquanto as lágrimas se acumulam e fogem pelas minhas bochechas, eu sorrio. Tento organizar meus pensamentos nos papéis, mas não cabem mais. Palavra nenhuma diz o que eu quero dizer. Tento falar da minha saudade, do meu ciúme, do seu cheiro, da sua voz e fico rondando pelo mesmo ponto, pelo mesmo amontoado de palavras que sempre dizem o que eu já havia dito antes. O que será que é preciso, então, para que eu vá além dessa mesmice de todos os meus escritos? Como eu vou conseguir explicar o que estou sentindo sem bater sempre na mesma tecla? Eu digo que quero ficar contigo pra sempre e você diz que eu vou dar pra trás e eu só consigo fechar os olhos de novo e rezar para que o dia que você não vai me querer mais, esteja bem longe de nós. Reúno todas as minhas forças para tentar te dizer o que se passa na minha cabeça, mas sempre me calo. O discurso fica estagnado na minha cabeça, mas eu desisto enquanto suspiro. Solto as palavras como um sopro. Um sopro forte que tenta te alcançar — em vão. Eu já te disse tanto, tanto, mas não quero te assustar, não quero te cansar com tentativas de explicações bobas, não quero te ver disistir enquanto observa minhas estranhezas e por isso mesmo me calo. Só eu sei o que sinto. Só eu sei como é sentir falta de você nos momentos mais desnecessários, sentir falta enquanto você diz que vai ali por cinco minutinhos e sentir falta enquanto eu sei que você vai ficar bem sem mim. Só eu sei como é reler cada palavra buscando um novo detalhe importante. Só eu sei como é sentir seu cheiro andando pela rua. Só eu sei o que é sentir tanto ciúme por bobagens. Só eu sei porque eu tenho tanta certeza de que sou eu quem ama mais. Só eu me encolho na cama esperando você me abraçar a qualquer momento e me chamar de boba, dizer que tanto medo é desnecessário e que eu te tenho bem aqui. Só eu sei que nem eu mesma sei o que sinto. É indizível o que eu tenho pra te dizer.

Um comentário:

Anônimo disse...

suas palavras me afetam de um jeito mt estranho =/ tudo lindo demaaiss