terça-feira, 1 de março de 2011

A festa e o vazio.

As coisas não estavam nada fáceis e quando eu falo que nada está fácil é porque nada realmente está fácil. Eu estava desanimada, com alguns problemas em casa e queria muito esquecer tudo, sem fingimentos e sem máscaras. Ser eu mesma e devolver sorrisos sinceros. Pois bem. Teria uma festa naquele dia e minhas amigas, meus amigos e praticamente todos da minha cidade estavam combinando de ir. É claro que eu vou. Eu repeti para todo mundo que queria confirmar a minha presença. É claro que eu vou aproveitar. Eu repeti para mim mesma como se fosse uma regra, uma obrigação: seja feliz, Paula. 

Algumas doses de cuba libre, alguns abraços sinceros, algumas frases bobas e companhias agradáveis. Eu percebi que eu estava feliz, deixei os problemas de casa aonde eles deveriam ficar e estava feliz. Fui passear sozinha pela festa, andei por todos os cantos sorrindo para os conhecidos e abraçando os mais chegados, até que no momento em que eu me distraí e parei de prestar atenção ao meu redor, eu trombei com um garoto. Não era um garoto qualquer, mas não era um garoto especial. 

Era um garoto que eu havia encontrado algumas vezes por acaso e havíamos trocados palavras, trocado contatos e trocado beijos. Mas não era nada demais. Foram vezes e mais vezes de encontros rápidos pelas noites iluminadas por luzes dançantes. E lá estávamos nós novamente. Ele me sussurrou um "Oi", eu respondi com um "Oie" e sorri. Ele me disse que estava com saudades e que eu tinha sumido e tudo que eu consegui dizer foi: "Mentiroso" e pensar que ele não tinha mudado nada desde os últimos meses. Conversamos, desafiei ele a se lembrar de coisas que eu jurava que não se lembrava, ele me beijou de surpresa, ele me apresentou para um amigo, ele andou abraçado comigo, me deu beijos carinhosos e me fez sorrir. 

Sem fingimentos, eu estava lá sorrindo. O carinho entre nós era claro para quem quisesse ver, mas todos poderiam ler em nossos rostos a seguinte afirmação: "Não sentimos nada um pelo outro". Era essa a grande verdade. Nenhum coração disparado, nenhuma confissão no escuro... Apenas aquele desejo incontrolável  - que existe desde a primeira vez que nos vimos. 

Eu aproveitei de maneira imensa a festa por sua causa, mas ele nem imagina como eu me senti quando ele se despediu de mim e disse: "Vê se não some, linda". Linda? Não sumir? A pessoa errada estava me dizendo tudo aquilo. E no caminho para casa, tudo o que eu conseguia pensar era em você que mora longe demais para me ver e que nem imagina que domina meus pensamentos dessa forma. Tudo o que eu senti foi uma sensação de vazio depois daquela euforia superficial por algumas horas, aquela tentativa de demonstração de que beijos sem amor são ótimos. Mas não! Não são ótimos. Eu cheguei em casa e tudo que eu soube fazer foi pensar em você, pensar em como você estava e se você estava pensando em mim. Relações passageiras tentam suprir a minha falta de uma relação de verdade - com você. Meu peito se esvaziou depois da festa, minha mente se encheu de você depois do vazio. A superficialidade me acompanhou durante a festa e os sentimentos mais profundos me acompanharam depois. Não está certo.

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