quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Como as tempestades funcionam.


O vento sopra segredos do lado de lá, já nem preciso encarar o horizonte com os olhos semicerrados porque as gotas de chuva não me deixam enxergar direito. Eu só sinto. Sinto os olhos arderem, sinto os cabelos se embaraçando, sinto a tempestade chegando. Ela se aproxima sempre disposta a causar catástrofes, disposta a destruir tudo que surgir pela frente, disposta a virar notícia na televisão, disposta a destruir e levar consigo tudo que eu tenho de bom dentro de mim. As chuvas tentam lavar qualquer sinal de amor, os ventos tentam arrancar qualquer sorriso ou qualquer resquício de paz. Os telhados voam, as minhas ruas inundam, mas nada se destrói. Nunca. Minha paixão por tempestades não é atoa porque eu sei que elas existem para me mostrar como eu sou forte. Enquanto eu sinto cada gota escorrendo pela minha testa, descendo pelo meu nariz, parando em minha boca e escorrendo para o pescoço, enquanto as gotas encharcam os pedaços de pano que me cobrem, enquanto as ondas elétricas se misturam com os tremores de frio, eu me sinto como eu devo ser: forte. Eu jurava que não sabia lidar, que não sabia me segurar na borda de qualquer abismo que fosse, que eu não sabia sentir nada além dessas agonias, mas a tempestade veio para me mostar que não, que eu posso sentir, que eu posso me segurar porque eu tenho força suficiente para não me deixar cair e que eu também sei amar. Quando o céu para de chorar e minhas lágrimas se cessam, eu me sinto renovada. Pronta para provar para qualquer um que eu posso ser esse amontoado de defeitos, mas que em algum canto da minh'alma há algo que vale a pena ser eternizado. Algo que tempestade nenhuma consegue lavar. Em certos momentos, eu fico abismada e percebo que eu sou a tempestade. Eu tento me destruir, mas não consigo. Eu sou a tempestade, mas eu sou brisa também. Eu sou a tempestade, mas guardo feito rocha o que merece ser guardado. Deixa chover que daqui a pouco abre o Sol. É assim que funciona.

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