quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Fragmentos do lembrete para a moça que amava demais.

(...) Se dê um tempo, dê tempo para que os outros sintam falta, não se agarre de maneira tão forte a uma incerteza. Não pinta o cabelo dessa cor, não pinta os lábios desse jeito, não bata com tanta força na porta dos vizinhos de madrugada porque eles não vão querer te atender. Não ligue tanto pra esses números fora de área. Não anda descalço sobre tantas rosas porque são elas que tão belas e tão frágeis te machucam com tamanha força com esses protótipos de espinhos. Não fique longos segundos mergulhada na banheira, não arregale os olhos quando ficar sem ar. Não desça as escadas correndo porque você sempre tropeça no último degrau. Não aperte com tanta verocidade o botão do elevador porque isso não fará com que ele chegue mais rápido até você. Não chore tanto ao telefone, não ande com essa garrafa na mão. Não encoste nesses cigarros do seu bolso. Pare de tremer dessa forma. Eu tentei te avisar desde o início, mas você me ignorou. Junta essas canetas e para de rabiscar os sonhos. Abre essa janela, abre a porta. Agora é você por você mesma. Eu te avisei. Eu disse que amar é morrer um pouco mais que o normal a cada segundo para renascer no segundo seguinte. Eu te avisei.

— Você não avisou.


Não diga que eu não te avisei.
Mas não se esqueça que eu disse que valia a pena.
Porque vale. Morrer acompanhado pode não ser tão ruim.


— Vale a pena.


Quer saber? Ignora tudo que eu disse. Ignora e vai. Ele está te esperando lá embaixo.

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