domingo, 3 de abril de 2011

A cura.

Queria entender a fórmula necessária para mudar tudo isso, para virar a mesa ou virar o jogo, não importa a metáfora, eu só queria mudar toda essa situação, achar uma cura para esse vício-silencioso ou arrumar uma maneira de não deixar que esse vício continue essa forma - não dá mais.

Eu fico me perguntando se é necessário pegar um avião e mudar de país ou pegar um avião e ir até aí. Eu não quero ter que fugir mais. Não quero ter que mentir pra você - mesmo que essa mentira seja para o bem-estar do meu coração. Não quero ter que achar que a única cura é ficar calada até passar, sabe por quê? Porque nunca passa, Senhor, já são quase dois anos tremendo o beiço e enxugando o olho rápido ao falar de você para uma amiga e molhando meu travesseiro com essa água salgada antes de dormir. É só meu peito gritando que não tem essa de bem-estar e quer explodir - ele grita há dois anos e eu só sei ignorá-lo. 

Essa história tem dois lados, mas você não vê do lado de lá do vidro. Eu  estou de um lado e você do outro, você só sabe que eu estou ali, mas não me escuta gritando para você. Você acha que pra mim está tudo bem sermos amigos de longe, você me ligar e desligar antes que eu atenda, você acha que está tudo bem você ser lindo desse tanto comigo... Mas não está tudo bem, eu queria apenas que você entrasse nessa. Mas você não pode adivinhar nada - ou será que você já adivinhou?

O telefone fica me olhando e me pedindo para acabar com meus créditos só para ouvir sua voz um pouco, meu coração pede para que eu aproveite a deixa do telefone e sussurre algum te-amo-sabia, minha cabeça dói de pensar na impossibilidade desse amor e eu fico tentando entender porque tudo começou... Sabe, eu sei que tudo pode dar certo ou dar errado, são os únicos lados dessa moeda, mas essa certeza de que o mundo não está conspirando para nós, não ajuda e é isso o que me segura firmemente pelos pulsos pra não me deixar correr até aí e jogar em você tudo que está engasgado. 

O tempo não me ajudou, muito menos a distância - começou com ela, na verdade -, não quero parecer a covarde da história, mas não é fácil. Fico procurando a cura nas letras de música e fico procurando a cura no silêncio, mas eles não servem. Começo a procurar a cura em quem não tem nada a  me acrescentar na vida e já sinto nojo e paro antes de começar direito. Já procurei a cura numa conversa em particular com meu coração, mas ele não me atendeu. Procurei a cura nos livros e nas cartas antigas, mas nenhum me curou e nenhum me explicou o que fazer. Procurei a cura em todos os mínimos cantos, mas de nada adiantou. Aí eu olhei para você e vi que você é quem me cura dessa dor que você causa sem saber. Queria entender o sentido disso tudo, queria saber o que fazer com tudo isso.

Um comentário:

Lara Oliveira disse...

Pareceu me descrever nesse texto, já vivi algo exatamente assim. Não sei se isso é verídico, ou uma fantasia sua, mas caso seja real, te digos: foram-se quase três anos nesse sofrimento, pensando nele, somente nele, e ele dando corda mas a 2848394289 km de distância. Enfim, a cura aparece. Os anos passam e você vai com eles aprendendo, conhecendo gente nova, passa. Ele passa. Mas olha, sendo sincera, ainda bate mais forte quando escuta aquele nome.
Beijos!